Os trabalhadores da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) do Rio de Janeiro acusaram o governo estadual e a administração do presidente da companhia, Wagner Granja Victer, de sucatear a empresa. Segundo os funcionários da Cedae, o sucateamento praticado pelos gestores é uma maneira de jogar a população contra a rede de saneamento para, no futuro, serem a favor da privatização. A reclamação foi feita em audiência pública realizada nesta segunda-feira, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Para o engenheiro da Cedae, Flávio Guedes, que já foi diretor da companhia em gestões passadas, há dois tipos de sucateamento: o da empresa e dos próprios funcionários. Segundo Guedes, o projeto de Sérgio Cabral para o saneamento básico do Estado é a venda da Cedae para entidades privadas.
“Primeiramente, há o sucateamento dos trabalhadores, que precisam fazer suas atividades com equipamentos de péssima qualidade. Depois, há o sucateamento da própria empresa, pois o governo não abre concursos públicos. A falta de concursos ainda é acompanhada pelas demissões sem motivo. Um funcionário, por exemplo, pode receber uma carta em casa dizendo que foi demitido, sem mais, nem menos”, afirma Guedes.
O engenheiro da Cedae lembrou ainda a desapropriação de casas de funcionários da empresa na região do Mendanha, em Campo Grande, onde no último dia 30 de julho uma adutora da companhia se rompeu: “Aqueles funcionários, que moravam ali justamente para ficar a cargo da empresa, eram as nossas vozes caso algo de errado ocorresse naquela região”.
A audiência pública, convocada por representantes de cinco centrais sindicais, foi dirigida pelo deputado estadual Paulo Ramos (PDT), também Presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj. Segundo o deputado, a gestão da Cedae por parte do governo estadual, tem como objetivo colocar a opinião pública contra a companhia, facilitando a privatização. Esta opinião foi unânime entre os presentes na reunião na Alerj.
“A Cedae é a resistência do modelo imperialista e neoliberal que tomou conta das administrações públicas do Rio de Janeiro. Por isso, devemos formar alguns compromissos para acabar com o sucateamento da empresa. São eles: evitar o esgotamento do quadro de funcionários através de novos concursos públicos, formar uma comissão de deputados para visitar as estações de tratamento com problemas e evitar novas cisões dentro da Cedae”, opina o pedetista.
O deputado diz confiar que a privatização da Cedae não ocorra. Segundo Paulo Ramos, “as demais empresas privatizadas estão tão desacreditadas, que a opinião pública ficou calejada e não permitirá novas privatizações”.
Já o também deputado estadual, Luiz Paulo (PSDB), acredita que falta transparência por parte do governo estadual em relação ao o que é feito dentro da Cedae.
“Nada pode ser feito sem a devida transparência, sem debate e, no momento atual, de final de governo, não é hora de travar esse tipo de discussões. O que precisa de fato é a Cedae concentrar investimentos em manutenção para evitar acidentes como o ocorrido em Campo Grande. Concordo que está havendo um sucateamento da empresa, e isso é graças à péssima visão dos gestores”, opina o tucano, que conclui: “Para garantir a transparência é necessário que a Cedae seja fiscalizada pela Agência Reguladora”.
Paulo Ramos e Luiz Paulo, juntamente com os também deputados estaduais Clarissa Garotinho (PR), Marcelo Freixo (Psol) e Comte Bittencourt (PPS), entraram com uma representação no Ministério Público contra o presidente da Cedae, Wagner Victer, por improbidade administrativa e crime ambiental pelo rompimento da adutora em Campo Grande, no último dia 30 de julho.
Fonte: Terra Notícias