por Luiz aulo
Vivemos tempos difíceis e absurdos. Difíceis, porque é tempo de dor, é tempo de perdas. Absurdos, porque fatos surreais atropelam este momento.
A cada dia, fruto do Covid-19, grandes nomes de expressão nacional na arte, na cultura deixam nosso convívio como foi o caso agora do Aldir Blanc e, também, de Flávio Migliaccio. E, nas nossas proximidades, há sempre alguém que adoece de Covid, notícias de perdas por Covid, então, não há dia em que não se viva tristeza profunda.
O mais grave é que isso ainda perdurará por algum tempo. Se observarmos o noticiário, de rádio, televisivo ou na internet, veremos que o único tema e mais relevante é o Covid. Se sairmos desse tema, iremos, inevitavelmente, para o tema econômico e social – a crise econômica e financeira é brutal.
Crise econômica e financeira
Adquirimos um pouquinho de fôlego, porque o preço do barril do petróleo passou a cerca de ser US$ 30, já que estava em US$ 27. Mas, mesmo que possa chegar a um pouco mais, na média do ano, ninguém pode assegurar como fechará.
A média do ano, já vi previsões, pode fechar a US$ 35. Mas quero destacar que, apesar de nos alegrarmos com isso, no início do ano, nossa previsão no orçamento de 2020 era o barril a US$ 60. Então, mesmo que fechemos o ano a US$ 40, o que seria fantástico, nós estaríamos fechando em US$ 20 a menos da cotação que previmos.
Há um mês, os primeiros observadores definiram que a perda do Rio de Janeiro seria de 50%, ou seja, de R$ 14 bi, iríamos perder R$ 7 bi. Depois, mesmo cheguei a levantar essa hipótese: a perda seria de 40%. Na última projeção que fiz, seria uma queda de 31%, ou seja, R$ 4 bi. Tomara que, a cada mês, possamos reduzir o limite dessa perda.
Falamos sobre o barril, mas também há perdas do ICMS. O setor que está em crescimento é o da internet. Felizmente, aprovamos nova legislação, há mais ou menos um mês, nesse sentido. É o único movimento que pode gerar ICMS melhor, devido à corrida da população a supermercados, já que todos estão em casa, e às farmácias.
A Covid 19 chega à periferia
Volto a dizer: isso ainda vai demorar mais tempo. Mas devo dizer que a Covid 19 hoje ataca cada vez mais a periferia. As mortes em Campo Grande já se emparelharam com as de Copacabana, região da cidade que tem a população idosa mais efetiva. O mesmo vai acontecer na Baixada Fluminense, é inexorável que aconteça. Há uma crise social imensa, com pessoas em filas enormes nas agências da Caixa Econômica Federal, contaminando-se, para poderem ter acesso a 600 reais.
E a crise política abarca o Brasil
Não bastassem todas essas crises que nos entristecem toda semana, o presidente da república ameaça o país com um golpe e dá a entender que os militares estão do lado dele. Foi assim domingo passado e domingo retrasado. O mais agradável que li sobre isso foi o manifesto produzido pelo Ministro da Defesa, ao dizer que as três Forças Armadas são defensoras do Estado Brasileiro e da democracia, por via de consequência, não são seguidoras de governos.
Alerj trabalha freneticamente
É um clima muito difícil precisar viver crise política institucional semanal no meio de crise econômico-financeira e numa pandemia que mata sem parar. É o pior dos mundos! Trabalhamos, aqui na Assembleia, de forma frenética. Só sobre Covid há 537 projetos de lei. Na Comissão de Constituição e Justiça, não paramos de dar parecer – só na sessão passada foram 80. A cada semana, pauta-se em medida oito a dez projetos de leis e todos recebem, também em média, dez, doze emendas.
Alerj repassa recursos à UFRJ para produção de respiradores
Na maioria das vezes, não vemos que este esforço esteja, de fato, modificando, ou talvez esteja modificando muito pouco a situação dentro do quadro vigente. Por isso, os R$ 5 mi que serão repassados para a Universidade Federal do Rio de Janeiro – vamos votar a conclusão disso na quarta-feira – dão um alento, porque são para produzir respiradores. Este é um dos grandes gargalos e a nossa indústria nacional não se preparou para fazê-los e custam na ordem de R$ 5 mil.
Vivemos quadro muito difícil. Precisamos ser resistentes e equilibrados para sobreviver neste momento e vislumbrarmos saída do outro lado.
Encerro aqui, mas com a alma doída por tantos problemas que temos vivido e tantas perdas consecutivas.