Num dia e em outro também a política se apresenta a nós com suas surpresas nem sempre agradáveis. Ou melhor: hoje, pela falsa polarização reinante, tornaram-se bastante desagradáveis. Refiro-me, concretamente, à matéria do Estadão, no sábado, em que o governador de São Paulo, João Doria, comemorava a filiação de Alexandre Frota, deputado federal, expulso do PSL, ao PSDB de São Paulo. Nessa comemoração, afirmou que ali estava o novo PSDB, porque o antigo PSDB tinha entrado para a História.
Considero que ele está certo. Está entrando mesmo, porque João Doria, por suas ações partidárias, matou e sepultou a social democracia. Passou a cooptar os quadros que são rejeitados pelo PSL. Esse processo iniciou com o Rio de Janeiro, pelo cancelamento da Convenção do Diretório Estadual, e a assunção do Sr. Paulo Marinho, eleito 1º suplente de senador na chapa de Flávio Bolsonaro, também do PSL. Na sequência, veio o deputado federal Alexandre Frota, aquele mesmo que, na campanha, insultou os dirigentes do PSDB, numa hostilidade gratuita, em linguagem vulgar e completamente estranha aos padrões republicanos até o momento defendidos pelos dirigentes tucanos destratados. As pessoas já citadas são completamente à margem da carga histórica e ideológica que deram razão de ser à social democracia durante anos.
Agora, os convites já são para a deputada federal Joice e para deputada estadual Janaína, ambas de São Paulo, também do PSL. Amanhã será para o Bebianno, e daqui a pouco, talvez, a algum parlamentar estadual do PSL que entre em rota de colisão com seu partido.
O governador de São Paulo, João Doria, na medida em que colocou na presidência nacional do PSDB um presidente que cumpre o que ele determina, apequenou o partido, que se transformou em alternativa do PSL para tentar, de forma popularesca, ganhar um voto de centro-direita.
O novo PSDB é nada mais, nada menos, que uma dissidência do PSL. Quem está mudando é o partido, não eu.
Eu continuo um defensor do ideário social democrata, continuarei a resistir nos limites das minhas possibilidades como continuarei a resistir àquilo que acontece aqui no plenário, de extremismo exacerbado, que não visa a buscar soluções para o nosso Estado nem para a crise fiscal, mas simplesmente marcar discurso para os seus próprios eleitorados. Nesses momentos, que espero que se reduzam, também há um apequenamento. O Estado Rio de Janeiro precisa de nosso trabalho coletivo mais competente para sair da violenta crise em que mergulhou, levado pelo escândalo da corrupção.