Em nova manifestação no Centro do Rio, cerca de mil pessoas escolheram, mais uma vez, as casas legislativas como alvo. A passeata, que começou na Candelária por volta das 17h desta quinta-feira, partiu em direção à Assembleia Legislativa do Rio e terminou à noite, nos arredores da Câmara dos Vereadores do Rio. Na Alerj, houve um princípio de confusão, com manifestantes chutando os portões de ferro do Palácio Tiradentes, ocupando as galerias com gritos de “Fora Cabral” e sendo expulsos por seguranças da Casa, que, segundo testemunhas, teriam usado spray de pimenta. De lá, o ato seguiu rumo à Câmara Municipal, na Cinelândia, onde um grupo que já estava na Casa, acompanhando uma sessão no plenário, surpreendeu dizendo que ocuparia o local por tempo indeterminado.
Por volta das 16h30m, 22 manifestantes entraram no prédio da Alerj, onde acontecia uma sessão ordinária. Irritado, o presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), anunciou o fim da sessão e chegou a apagar as luzes. Os deputados Marcelo Freixo (PSOL), Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB) e Wagner Montes (PSD) tentaram intervir para garantir a desocupação do plenário, onde policiais já agrediam manifestantes, inclusive com spray de pimenta. Montes teve seus óculos quebrados. Melo, no entanto, negou que tenha havido abusos, apesar de admitir o uso de spray de pimenta. Segundo ele, um segurança ficou ferido.
— Como você tira (os manifestantes)? Machucando a pessoa ou usando o spray? — perguntou Melo.
Hotel fecha as portas
Na Câmara, na Rua Alcindo Guanabara, os portões do prédio foram fechados com correntes. Mas 25 pessoas que já estavam no interior do plenário avisaram, ao final da sessão, que não sairiam. Deste grupo, 16 permanecem no prédio na madrugada desta sexta-feira. Lançando bombas de gás, PMs do Batalhão de Choque dispersaram cerca de 200 manifestantes que obstruíam a porta lateral do prédio da Câmara dos Vereadores. Manifestantes em fuga derrubaram algumas mesas do bar Amarelinho, que já estava parcialmente fechado. Por volta das 21h, uma comissão da OAB-RJ chegou à Câmara para negociar a saída pacífica dos manifestantes que estavam no prédio sem água e no escuro. No entanto, o chefe da segurança na Câmara, o coronel da PM Marcos Paes, impedia a entrada dos advogados da comissão da OAB para negociar saída do grupo.
A principal reivindicação dos manifestantes é que o vereador Eliomar Coelho (PSOL) seja o presidente da CPI dos Ônibus, o que está ameaçado por articulações políticas da base governista. Três vereadores — Reimont (PT), Leonel Brizola Neto (PDT) e Renato Cinco (PSOL) — se reuniram à noite com o grupo, para negociar sua saída do prédio. Do lado de fora, integrantes do Black Blocs, grupo anarquista, invadiram uma agência bancária e atiraram pedras no prédio onde funciona o grupo EBX, do empresário Eike Batista, na Rua Senador Dantas. O Hotel Windsor Astória fechou as portas por precaução.
A Avenida Rio Branco chegou a ficar interditada nos dois sentidos e houve retenções em várias ruas do Centro. Cerca de 80 PMs acompanhavam o protesto. Parte deles fez um cordão de isolamento em frente à Câmara, que recentemente foi invadida em uma manifestação, quando a base do busto de Pedro Ernesto foi destruída e um quadro ganhou chifres.
No início da tarde desta quinta-feira, professores da rede municipal fizeram uma manifestação em frente ao prédio da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. Devido ao ato, duas faixas do Viaduto dos Fuzileiros, sentido Avenida Presidente Vargas, chegaram a ser fechadas.
Manifestantes ocupam galeria da Câmara de Vereadores de Niterói
Um grupo de cerca de cem manifestantes ocupa a galeria da Câmara de Vereadores de Niterói na noite desta quinta-feira e acompanha a sessão plenária com cartazes e gritos de palavras de ordem. A entrada deles na casa foi negociada por vereadores após terem sido barrados por seguranças. Os manifestantes haviam realizado um protesto em frente à estação das barcas, na Praça Arariboia, e seguiram de lá, por volta das 18h45m, para a Câmara de Vereadores, onde se concentravam policiais militares e guardas municipais. Com gritos de “Fora barcas”, “Fora Cabral” e “Fora Rodrigo Neves”, eles tentaram entrar no prédio e houve confusão. Por volta das 21h, o clima era tranquilo e vereadores faziam discursos no plenário da casa.
Fonte: Jornal O Globo – 09/08/2013