Ao se iniciar um novo ano há o desejo que ele traga felicidade para todos e seja no mínimo melhor que o anterior. Os que trabalham com prognósticos têm oportunidade de divulgá-los calcados no que o ser humano tem de mais forte – a esperança. O que cabe esperar em 2014, o ano da Copa no Brasil?
Com apenas 23 (vinte e três) dias de 2014, constata-se que a inflação de 16% está corroendo a cesta básica, que a carga tributária sobre o material escolar atingiu 47%, que a mobilidade urbana se tornou dramática, que os aeroportos estão em colapso, que a tarifa única intermunicipal na região metropolitana foi reajustada em 6% e todas as outras passagens de ônibus, também o foram.
A política de investimentos em água e esgoto no Estado não teve a devida prioridade visto que o PAC- Saneamento Básico (água+esgoto) em 2013 não atingiu 13% do investimento previsto para o ano. E por incrível que pareça só descobriram em dezembro que o verão tinha chegado. Não se prepararam e o povo está sendo duramente castigado por uma constante e prolongada falta de água e luz. Estádios, para a COPA, foram construídos a “preço de ouro”, como é o caso do Maracanã. O Brasil ficou submisso à vontade dos senhores donos da FIFA. Houve entre governantes e a FIFA uma aliança maligna para atender os negócios privados com total desprezo a coisa pública.
O Governo Federal não sabe se casa com João ou Maria. Privatizou aeroportos, mas via BNDES continuou com o controle majoritário. Privatizou rodovias, mas não deu independência, nem qualificou as agências reguladoras. Adotou o sistema de partilha na exploração do petróleo, privatizando áreas já descobertas do pré-sal com abundancia de óleo e gás, obrigando a Petrobras investir 30% do total exigido, mesmo estando à mesma descapitalizada e desvalorizada.
O ano de 2014, sob o ponto de vista político, se apresenta em 2 (dois) tempos: antes da Copa, com a crise instalada, inclusive a comportamental, e depois da Copa do Mundo de Futebol com a realização de eleições gerais em nosso país. No primeiro tempo, até junho, o prognóstico é a manutenção da crise infra-estrutural associada a uma economia cambaleante (juros altos e crescentes + dólar ascendente + inflação ascendente + crescimento baixo), descrédito dos governantes e mais manifestações populares de protesto que já se iniciaram. No aludido quadro os governantes estão apostando suas fichas na vitória futebolística do Brasil, isto é, ser Campeão Mundial em casa.
No segundo tempo, pós julho, com o final da Copa e eleições em outubro, 2 (dois) cenários se apresentam:
O Brasil se torna campeão do mundo de futebol e o cenário fica mais brando eleitoralmente para os atuais governantes;
O Brasil perde a Copa do Mundo, o que não desejamos, e o cenário se torna mais favorável para a oposição ou para candidatos vindos da sociedade que, ainda, não foram submetidos ao processo político eleitoral, pois, tudo tenderá a se agravar.
Qualquer que seja o resultado da Copa do Mundo e das eleições 2014, algo me parece certo: o quadro econômico e social para quem assumir a Presidência da República e o Governo do Estado, em 1º de janeiro de 2015, será muito difícil pelo desacerto das respectivas gestões da União e do Estado do RJ, nos últimos 4(quatro) anos.
Luiz Paulo Corrêa da Rocha
Artigo publicado no jornal Tribuna de Petrópolis (27/01/2014)