por Luiz Paulo
Quero repercutir duas questões que atingem, especificamente, a população do Rio. Uma delas é o tema, já aqui abordado por mim, da estação do metrô da Gávea. Evoluiu, felizmente. O Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou ação na Justiça, tendo em vista um pré-laudo produzido pela Pontifícia Universidade Católica, sobre a necessidade de, no mínimo, se construírem as estruturas e as paredes de contenção lateral do teto da estação metroviária da Gávea. Desse modo, não seria necessário utilizar água nem tampouco aterrar, duas soluções provisórias e precárias, sendo que a da construção do aterro pode até ter mais risco do que aquela que está lá, que é da inundação. Há também a questão do vigamento metálico, que dá apoio. Ele tem tempo de vida útil, ainda mais porque submetido às intempéries, como está, ou dentro d’água ou, quem sabe, no futuro, dentro de um aterro, o que parece pior ainda. Com esta ação na Justiça, pode-se também desfazer o imbróglio da liminar que há no Judiciário, suspendendo o andamento dessa obra. De qualquer forma, foi dado mais um passo.
Seria cômico, se não fosse trágico – mas é trágicômico: o prefeito, que tem o título, mas não exerce o cargo, Marcelo Crivella, ofereceu ao governador Wilson Witzel ajuda financeira para conclusão da estação do metrô da Gávea. Não consegue sequer sustentar a saúde pública do município do Rio; nas ruas do Rio há um buraco por metro quadrado – é justo dizer que o pseudoprefeito Crivella democratizou os buracos: na Zona Norte, na Leopoldina, na Zona Oeste, na Zona Sul, num abandono geral da cidade; a educação segue na linha da tragédia; no sistema previdenciário, o Previ-Rio já está no vermelho; o orçamento encolhe; a arrecadação cai; o comércio fecha. Quer, agora, abandonar o carnaval e entregá-lo para o Estado. O Estado, que também não tem dinheiro nenhum, o quer – é o roto discutindo com o esfarrapado.
E o prefeito tragicômico oferece dinheiro para a obra da estação do metrô. É piada de mau gosto, para parecer que olha por tudo, quando não consegue nem olhar para aquilo que é de sua única responsabilidade. Em mais uma movimentação esdrúxula, quer, em parceria com o governo do Estado, fazer os espigões no Leblon, num movimento favorável à especulação imobiliária, no terreno do 23º Batalhão, na Rua Bartolomeu Mitre, que é adequado a complexo esportivo, estudantil, profissionalizante, de inovação e pesquisa para atender à pilha de comunidades carentes que há ali, como a Cruzada, o Vidigal, a Rocinha, entre outras.