Improviso e personalismo – como não se deve governar
As eleições se aproximam e já começam os governos do Estado e do município da capital, integrantes do mesmo partido que ocupa o poder há quase uma década em ambas as instâncias, a alardear iniciativas e promessas de investimentos em projetos para os transportes, umas já bastante conhecidas e outras inéditas, porém nem sempre as melhores.
No entanto, o que as assemelha é o fato de não derivarem de uma visão metropolitana planejada que venha a garantir a racional integração dos sistemas e a consequente adoção dos modelos mais adequados a cada caso. É assim que assistimos, durante esses anos, o governo do Estado improvisar. Esqueceu a imperiosa necessidade da continuação da linha 2 entre as estações do Estácio e da Carioca, prioridade considerada unânime pelos técnicos do setor.
Abandonou o projeto originalmente contratado da denominada linha 4 do Metro e a implanta, partindo do Jardim Oceânico na Barra, conectando-a à linha 1 em Ipanema, formando um enorme “linhão” constituído pela ligação contínua das linhas 4,1 e 2, contrariando a concepção tecnicamente correta de rede metroviária.
Executou a ligação direta entre as estações São Cristóvão da linha 2 e Central da linha 1, como forma de compensar a necessidade, irracionalmente abandonada, da ligação entre as estações Estácio e Carioca, uma verdadeira “gambiarra”, com prejuízos sérios à otimização da operacionalidade da linha 1.
Por sua vez, o governo do município da capital, inebriado pelo modelo dos corredores exclusivos para ônibus, denominado BRT, e de costas para a sua inserção metropolitana, resolve adotá-lo em qualquer corredor de transporte sem a devida e competente avaliação.
Assim, construiu e opera, no corredor para o qual era prevista a linha 6 do Metro, o BRT Transcarioca, que interliga o Aeroporto do Galeão à Barra, modelo com menor capacidade que, evidentemente já de início, se apresenta esgotada nas horas de pico.
Está construindo o BRT Transbrasil, pelo eixo da Avenida Brasil e, no meio do processo, verifica que o mesmo não faz sentido sem a integração com a Baixada Fluminense, através de BRTs a serem implantados nas rodovias federais Rio Juiz de Fora e Rio São Paulo, concedidas pelo governo federal à inciativa privada.
Enquanto todas essas iniciativas, eivadas de improviso e de falta de apuro técnico, vão sendo executadas e tornadas fatos consumados a custos e com embasamentos jurídico-administrativos nem sempre claros e transparentes para a população, uma rede ferroviária de passageiros de, aproximadamente, 265 Km de extensão, valioso patrimônio implantado, vai sendo esquecida no processo de concepção geral e implementação do projeto de transportes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
E agora, como factoide eleitoral, lançam o VLT para zona sul, repetindo filme já passado. Haja improviso e haja personalismo!
Luiz Paulo é deputado estadual do PSDB Rio de Janeiro e líder da bancada na ALERJ