Presidente dos trabalhos do expediente inicial, deputada Célia Jordão, sras. e srs. deputados, expectadores da nossa TV Alerj, senhora intérprete da linguagem de libras que leva a nossa voz aos deficientes auditivos, as minhas primeiras palavras de hoje são para lastimar profundamente a perda que teve o Brasil, e o estado do Rio de Janeiro em particular, com a morte do grande ator, diretor, político, grande lutador contra a discriminação racial, cidadão generoso, persistente, acolhedor, Milton Gonçalves.
A Medalha Tiradentes para o grande ator e político
Tive a honra de entregar, em ato lá na antiga Assembleia Legislativa – no nosso querido Palácio Tiradentes – até por sugestão de meu assessor, o Lauro, a Medalha Tiradentes ao Milton, que, com muita simplicidade, veio recebê-la.
A luta contra o regime de exceção
Além do mais, sempre foi um filiado incansável do MDB histórico. Esteve presente nas lutas contra o regime de exceção. Participou do palanque das Diretas Já, quando estávamos nas ruas pedindo eleições amplas, gerais e irrestritas para este país. Além do mais, como filiado do MDB foi candidato a governador em 1994, exatamente o ano em que disputei a eleição como vice-governador de Marcello Alencar, que foi o vencedor daquele pleito. Mas nem por isso deixamos de ter por ele profunda admiração e respeito, quer seja pelo ser artístico, quer seja pelo ser político que também era. Mais tarde, de 1995 em diante, tivemos algumas oportunidades de trocar palavras sobre temas de interesse político e do estado.
“Tem pessoas que não deveriam morrer”
Hoje, li em um periódico uma frase curta, que dizia assim; ‘Tem pessoas que não deveriam morrer”. Entre elas, está o nosso grande e querido ator e diretor. 88 anos de uma vida absolutamente intensa, que deixa um mar de saudades e imenso legado, principalmente. Por onde ele transitou esse legado ficou.
Ontem, assisti a um jornal no final da noite, que dizia que o Milton começou na televisão e foi contratado pela Globo antes mesmo de a emissora estar funcionando – então, ele está na raiz da TV Globo, nos primórdios – e lá permaneceu até seu falecimento.
No Brasil há nomes que são referência
Hoje é um dia de tristeza pela perda de nome dessa qualidade, dessa importância e dessa envergadura. Ao mesmo tempo, é dia de comemorar, porque se verifica que também temos no Brasil nomes que são referências e que são objeto de comentários positivos em todos os segmentos sociais e em todos os segmentos políticos. Esse é o lado positivo: o tempo vai chegando e um punhado de gente qualificada, que resiste aos desmandos históricos deste país, que resiste a todas essas crises sucessivas, mesmo assim, constrói legado de respeito, de admiração da sua forma de atuar na nossa sociedade.
Não é todo dia que podemos celebrar um ator, diretor e político da qualidade de Milton Gonçalves.