Sr. presidente em exercício do expediente inicial, deputado Waldeck Carneiro, sras. e srs. deputados que nos assistem na TV Alerj, sras e srs telespectadores também da TV Alerj, senhor intérprete de Libras que leva nossa voz aos deficientes auditivos, minhas saudações.
Fatos inacreditáveis viram bandeiras
Em alguns momentos, tenho a sensação de que vivo fora do meu tempo. O Brasil de hoje parece de ficção, mas não de ficção científica, e sim de ficções mais graves e piores que seres humanos aguentam viver. De vez em quando, consigo me lembrar sobre esses tempos que vivemos, do famoso Stanislaw Ponte Preta, que, no duro período da ditadura, construiu uma célebre frase que cunhou aquele período, o Febeapá – festival de besteira que assola o país. Esse festival de besteira voltou com uma intensidade inimaginável. Gostaria só de relatar dois fatos. O primeiro é sobre um conjunto de pessoas insatisfeitas com o resultado eleitoral e que vêm fazendo manifestações sucessivas no sentido antidemocrático de anular as eleições. Em uma delas, colocaram os telefones celulares nas cabeças para tentar se conectar com OVNIs, objetos voadores não identificados. Consideravam a possibilidade de que assim pudessem mudar o resultado eleitoral com a ajuda dos OVNIs. Considero absolutamente inacreditável. Pertence só aos anais do Febeapá.
A tentativa de anular o 2º turno e o FEBEAPA
Ontem, constatei outra, que se deve ao ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal, que ajuizou ação no TSE com a ajuda de uma consultoria, que espero que não tenho sido a consultoria dos OVNIs, no sentido de que o 2º turno das eleições tinha que ser anulado, porque 60% das urnas eram antigas e poderiam trazer problemas e burlas que não se conseguiria investigar. Essas mesmas urnas receberam os votos do 1º turno e, também, foram essas mesmas urnas que consagraram as eleições de 2018. Como é que anula o 2º turno, se isso fosse possível, e não se anula o 1º, se as urnas são as mesmas? Pois se isso não é digno de Febeapá, não sei mais o que é. Hoje, se entabula qualquer assunto, qualquer pretexto para contestar resultado eleitoral. É claro que não há nenhum argumento para isso acontecer. Apesar de eu ter sido reeleito com as urnas do 1º turno, gostaria de ver a situação do Sr. Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal, se as eleições do 1º turno fossem anuladas e fôssemos começar tudo de novo!
Litigando de má-fé
O partido que teve o maior êxito nas urnas em 1º turno foi exatamente o Partido Liberal. Só aqui, no Estado do Rio de Janeiro, elegeu o governador do estado, Sr. Cláudio Castro, elegeu bancada, salvo erro de memória, de 17 deputados estaduais. Ao ver essa notícia, penso: ou esse cidadão só quer excitar e manter uma esperança vã nas pessoas ou ele está litigando de má-fé, porque, no contra-argumento, o Ministro Alexandre Moraes deu, ao mesmo, 24 horas, para que demonstrasse, também, que essas urnas eram inservíveis para a realização do 1º turno eleitoral. Porém, o PL entra com um documento desses sem nenhuma prova material, com meras suposições.
Está mais do que na hora de trabalhar a favor do país
Por mais que queira me abstrair das eleições que passaram, por mais que queira imaginar que é hora, e o é, de mais unidade, de construirmos projetos para melhorar as condições de vida do nosso país, para tirar parcela da população da miséria e da fome, por mais que queira políticas públicas para que possamos atender a um Estado que seja fortemente democrático, para que seja um Estado do bem-estar social, verifico que muita gente na política só deseja alegoria, confronto e exposição de mídia, principalmente na rede de internet, e de não construir absolutamente nada a favor do nosso povo e a favor do nosso país.
Tudo tem limites
Achei que devia, na tarde de hoje, fazer esses dois registros, porque achei todos dois uma agressão mesmo à nossa capacidade de absorver isso se mantemos nossa capacidade de pensar, de raciocinar. É hora de as instituições públicas também mostrarem que tudo tem limite e que a democracia há que sempre ser preservada; que, acabada a eleição, o que se discute em seguida é como vamos fiscalizar quem vai governar e o próximo pleito. Quem perdeu essa, poderá, quiçá ou não, vencer a próxima vindoura. Esse é o jogo democrático que parece que foi também esquecido neste país.