Venho, neste momento, lastimar que, com quase meio milhão de mortes, vacinação lenta pela decisão de não negociar vacinas a tempo e a hora, a dura e cruel realidade brasileira, imaginam, num golpe que se pretende publicitário, mas que, com o volume de contaminados, poderá ser mais uma catástrofe, estejam imaginando sediar, em algumas unidades da federação, inclusive o Rio de Janeiro, a Copa América. Já recusada por outros países.
Ninguém quer sediar a Copa América e o Brasil se ofereceu. Por que será?
E tentaram jogar sua responsabilidade nos pés dos jogadores de futebol. Quem deveria ter dito não a isso seria a CBF, os cartolas, porque os jogadores de futebol estão ligados aos clubes, quem os autoriza ou não a vir a uma convocação da CBF são os clubes. Têm hierarquia a seguir e estão regidos por contratos, mas bastava a CBF afirmar: “Não, até porque não estava programado para ser aqui, era em outros países, Argentina e Colômbia. Que se negaram”. Então, se ninguém quer sediar, e não é por picuinha, mas por riscos reais e concretos, não se faz a Copa América agora. Faz-se em outra oportunidade. Mas não. Para fazer o desvio de atenção, afirmam, com grandiloquência: “Vamos trazer a Copa América para o nosso país”. Se isso contaminar mais gente, ninguém vai, ao certo, cientificamente, dizer quantos foram ou não foram contaminados em consequência da decisão. Então, faz-se esse desvio de atenção.
Desrespeito à população
É um desrespeito à população. Isso não poderia ter ocorrido. Foi decisão tomada em cima da hora. O Supremo Tribunal Federal deve julgar, não sei se hoje ou amanhã, duas representações para suspender a Copa América. Mas o Supremo já tem decisão sobre isso, porque as competências são concorrentes – da União, Estados e Municípios -, então, cada estado vai decidir se aceita sediar os jogos ou não.
Está na mão dos governadores a decisão final
Então, está na mão dos governadores. E o governador Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, já disse amém. Houve recurso do deputado Flávio Serafini ao Tribunal de Justiça, que, seguramente, só julgará logo depois da decisão do Supremo. A decisão do Supremo dificilmente será essa que defendo, porque já tem própria jurisprudência: é competência de cada unidade da federação. Se todas as unidades disserem não, não tem Copa, mas se alguma unidade disser que sim, naquele estado haverá Copa América, como, por exemplo, também Brasília, onde seria o primeiro jogo da seleção brasileira.
Chamo a atenção sobre o futebol, porque desde o império romano havia um ditado: Tem que dar ao povo pão e circo. Já que não tem pão, vamos dar o circo. Mas o circo, neste caso específico, mata, via Covid.