A Ministra do Superior Tribunal de Justiça e Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Dra Eliana Calmon Alves recebeu hoje em sessão solene no Palácio Tiradentes a Medalha Tiradentes. O deputado Luiz Paulo, coautor da concessão da Medalha, destacou em seu discurso a responsabilidade de atuar na Corregedoria, pois já foi corregedor na Alerj e sabe as dificuldades de decidir sobre os deslizes de seus pares.
“Sra. Ministra do Superior Tribunal de Justiça e Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Dra. Eliana Calmon Alves.
Bom dia a todas e a todos. Cumprimentando o Presidente dos nossos trabalhos, Deputado Paulo Ramos, que teve a feliz iniciativa de conceder a Medalha Tiradentes à nossa respeitável Ministra, cumprimento todos os que estão presentes à Mesa.
Era um dia comum aqui no nosso plenário. Discutíamos os nossos projetos de lei que estavam na Ordem do Dia quando fui abordado pelo Deputado Paulo Ramos que propunha conceder a Medalha Tiradentes à Ministra.
Eu assinei com profundo entusiasmo. Ele me concedeu, pelo entusiasmo, a coautoria. E, dentro dessa leva, diversos outros Parlamentares, de todos os matizes políticos, quiseram ser coautores da proposta liderada pelo Deputado Paulo Ramos.
Estou fazendo essa inicial, Ministra, para que a senhora tenha consciência de como a senhora é admirada e respeitada no Parlamento fluminense. E tenho certeza de que esse também é o sentimento do nosso País.
Já fui Corregedor desta Casa, e sei como deve ser difícil para a senhora a função de Corregedora do CNJ porque a senhora tem que decidir exatamente sobre deslizes dos seus pares, na linguagem mais popular, de malfeitos dos seus pares. E a senhora o faz com destemor, com honradez, com dignidade e com grande bravura. Por isso, considero que o Parlamento fluminense, quando lhe homenageia na manhã de hoje, está simbolizando o sentimento de todos os brasileiros.
Ontem foi Dia do Taquígrafo, e eu conversava aqui, antes do expediente, com uma taquígrafa que me dizia que cada um de nós está sempre em busca de um herói, e eu concordei com ela. Será bom o dia em que este país tiver milhares, milhões de heróis, mas a homenagem de hoje simboliza que, na luta contra os malfeitos, na luta contra a corrupção, na luta republicana, Ministra, a senhora é a nossa heroína. (Palmas) Aceite essa homenagem do fundo do nosso coração.”
Emocionada,a Ministra lembrou que foi agraciada pela Medalha por pessoas que não tinha nenhum vínculo e que não precisariam homenageá-la se o seu trabalho não fosse honesto e digno.
“A minha emoção começa a partir de um ponto que considero fundamental: é que esta homenagem veio de pessoas com quem eu não tinha relações de amizade, que eu não conhecia pessoalmente e que fizeram esta bondosa homenagem única e exclusivamente pelo meu agir institucional. Isto não é, absolutamente, uma homenagem de amigos, alguém que oferece ao outro amigo uma resposta desta amizade pessoal. Não temos, aqui, amizades pessoais, estamos aqui para homenagear aquilo que os Srs. Deputados, os senhores membros desta Casa entenderam importante, e a figura que eu, hoje, encarno como Corregedora Nacional de Justiça. Daí porque o meu primeiro ponto a destacar, que acho de importância fundamental que os senhores saibam.
Mas, o que é que significa, para mim, a homenagem, além desse aspecto? (…) o destino colocou em minhas mãos a possibilidade de ser Corregedora Nacional de Justiça. Alguns colegas entendiam que eu era ousada demais para o exercício do cargo, mas nunca me intimidei e fui eleita, e a partir do dia 8 de setembro de 2010 assumi como Corregedora.
Posso dizer aos senhores que, embora conhecendo o Poder Judiciário, embora estudiosa do Poder Judiciário, eu não conhecia as entranhas do Poder Judiciário e comecei a verificar que muito mais do que eu temia, eu precisava de aliados, senão eu não daria conta da minha caminhada. Então, me favoreci de duas coisas.
A primeira, o que para mim foi fácil, porque sou uma pessoa que fala as coisas. Eu tenho facilidade para falar o que eu penso, isso não foi difícil, e me vali dessa minha característica e passei a dizer o que eu pensava do Poder Judiciário para a mídia. Por quê? Porque era a única forma que eu tinha de barrar o corporativismo que eu começava a verificar que estava nas entranhas do Poder Judiciário. (…)
Talvez a excessiva exposição da Corregedora na mídia e talvez as palavras fortes que sempre usei foram suficientes para eu ter como aliada a sociedade brasileira.(…)
E no momento em que a minha atuação começou a ser questionada por um grupo significativo de pessoas que têm uma visão equivocada e que entendiam que aquilo era expor o Poder Judiciário, contei com o aliado maior, que é exatamente o povo brasileiro. Desta forma, o Conselho Nacional de Justiça foi preservado. Desta forma, conseguimos chegar a um denominador comum, a manutenção dos poderes investigatórios, do Conselho Nacional de Justiça, para melhor servir o Poder Judiciário.
Esta é a minha história que será escrita nos Anais do Judiciário, porque isto foi uma vitória retumbante, não de Eliana Calmon, mas uma vitória da sociedade brasileira. E aí é que está a sensibilidade dos Deputados Paulo Ramos e Luiz Paulo e do Desembargador Siro Darlan, um dos primeiros Desembargadores a se manifestar pessoalmente e em solidariedade às minhas posições.(…)”