O deputado Luiz Paulo aproveitou a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez para comentar momento político no Brasil, e ainda cita a hostilização sofrida por ela ao desembarcar em Salvador.
“A blogueira cubana chegou ao Brasil no dia de anteontem e desembarcou na Bahia. Sofreu uma hostilidade muito forte de segmentos extremamente radicais de alguns poucos partidos políticos. Ela, com sabedoria, respondeu que aquilo tudo era o que ela desejava em seu país, Cuba: a liberdade de manifestação. Ontem, ela esteve no Congresso Nacional, onde novamente foi recebida com hostilidade, dessa vez de alguns poucos membros do Partido dos Trabalhadores, que chegaram até a insinuar que ela seria remunerada pela CIA. Parece que voltamos à década de 50, tal o nível de extremismo e tensão daqueles que se dizem homens de esquerda – que, na verdade, são totalitaristas – com a visita de uma blogueira que pede respeito e liberdades individuais em seu país.
Por outro lado, Sr. Presidente, quando uma pessoa vai à internet fazer a defesa das liberdades individuais, da liberdade de expressão e da necessidade de democratização em Cuba, aliam-se a ela os setores mais conservadores e reacionários da direita brasileira. Os democratas ficam espremidos nessas duas linhas paralelas antagônicas, da direita conservadora e da esquerda totalitária.
Trago este tema porque ele tem sido reincidente em todos os debates, principalmente nas redes sociais. É inadmissível que, no Século XXI, vejamos o mundo sob uma ótica tão pequena. Os temas que suscitam os maiores debates sempre dizem respeito a dois segmentos em posições extremadas, e isso, de fato, é preocupante.
O que se quer preservar e fortalecer em nosso País é a democracia, e no reverso dessa questão há um desmantelamento, uma desmoralização geral do Parlamento – não que o Parlamento não dê motivos. O fato é que, na hora em que se igualam todos, é como se dissesse “é melhor não existir Parlamento”, e nesses segmentos vemos o caminho para um regime de força, para macular a democracia.
A democracia, sem um parlamento vivo e atuante, deixa de existir; sucumbe perante o imenso poder discricionário do Poder Executivo.
E nesta Casa, sempre que posso mostro claramente que a oposição deve ser fortalecida, porque a vida de um Parlamento é haver o contraditório, é haver a fiscalização do Poder Executivo.
A situação se fortalece, se tiver uma oposição vigorosa. Esses dois pólos é que dão vida ao Parlamento desde que o Parlamento existe. Quem já leu um pouquinho a história do Parlamento há de verificar que desde o seu início na Inglaterra ou mesmo depois na França, aqueles que eram a favor do Governo ficavam à direita do Parlamento, e aqueles que eram contrários, ficavam à esquerda. Daí é que veio a terminologia dos setores de direita e de esquerda; conservadores e aqueles que queriam mudanças.
Então, se essa é a essência do Parlamento, quando observamos o crescimento imenso da base do Governo não apenas aqui no Parlamento fluminense, mas também no Congresso Nacional, nas Câmaras de Vereadores, nas diversas Assembleias Legislativas, tende-se cada vez mais para um totalitarismo, porque essa base estará sempre a serviço do poder discricionário do Poder Executivo, e é isso que de fato começa cada vez com mais velocidade a destruir o Parlamento.
Por isso que também tenho defendido aqui que nas Comissões da nossa Casa as minorias que são as oposições e os pequenos partidos, também tenham representação nas diversas Comissões para exercitar essa capacidade de influir nas decisões.”