Só faltava essa!
Fomos surpreendidos por notícia divulgada pelo governador do Rio de Janeiro afirmando que o governo do Estado irá aterrar o buraco da Estação do Metrô da Gávea. “Aterrar” é termo vago, porque não explicita que tipo de material será usado – saibro, argila ou areia -, e isso é importante para que se faça avaliação técnica das consequências. Fora isso, não houve nenhuma discussão sobre a economicidade dessa providência. Será que essa é a melhor solução? Gastar uma fortuna para retirar a água, outra fortuna para aterrar e deixar lá preso definitivamente, e vai-se pagar por isso, o tatuzão?
Trazendo luz sobre a primeira questão: se for aterrar em areia, com jato hidráulico, essa areia se compactuará, mas, se for com argila, na hora em que ela se compactar, ficarão vários vazios nesse buraco e recalques diferenciais ocorrerão. Estou com muitas preocupações, não só eu, como também a comunidade da Gávea. Há recalque diferencial lá, hoje? Está havendo controle de recalque? Está havendo vistoria nos prédios? Possivelmente nada disso está acontecendo. Não é enchendo de água ou com aterro que o problema estará sanado
Também sob o ponto de vista da segurança da população lindeira, e falamos nada mais nada menos do que da PUC, com milhares e milhares de alunos, também há muitas dúvidas a serem discutidas.
Tratando da economicidade, seria melhor concluir a estação? A Lei de Responsabilidade Fiscal é clara e precisa ao determinar que obra iniciada deve ser concluída. De preferência, não devemos seguir os passos de ex-governador Moreira Franco quanto aos buracos do metrô. Quem já passou dos 40 anos deve lembrar desse mau exemplo.
Levando em conta a relevância do tema, sugiro aqui uma reflexão. Essa decisão foi discutida com quem? Foi tomada nos gabinetes? Qual é a posição, sob o ponto de vista de economicidade e de segurança, do Tribunal de Contas do Estado? E do Ministério Público, que deve defender a aplicação das leis? E do parlamento fluminense, que é fiscal do Executivo? E da Defensoria, que é defensora dos interesses também da sociedade? Acrescento à lista o Clube de Engenharia, o CREA. Não se pode decidir na calada da noite ou num arroubo decisório.
Queremos fazer audiência pública para dar transparência a esse debate. Vivemos um tempo em que decisões monocráticas são tomadas como se os governadores e presidentes da república fossem os únicos seres na face da Terra ungidos por Deus. Mas nós, vis mortais, também o somos.