Em seu discurso final na Alerj, o deputado Luiz Paulo, visivelmente abalado, lamentou a morte do Presidente do Diretório Regional de Mesquita, Fernandinho.
Comentou que de um atentado, em 15 dias virou assassinato. Um crime de cunho político. E espera que este crime seja descoberto, pois confia na Policia Civil e em sua investigação. Lamentou que a política tenha chegado a este nível. “Não há como fazer política democrática sob a égide da violência”, enfatizou.Veja abaixo a íntegra do discurso.
” Sr. Presidente, Srs. Deputados, vou sair dos temas centrais das nossas discussões para voltar a falar sobre a onda de violência que assola a política fluminense.
Há 15 dias, anunciava que o presidente do diretório municipal do PSDB de Mesquita, Fernandinho, havia sido vítima de um atentado na Via Light, quando um cidadão de moto atirou oito vezes contra ele, sendo que uma das balas perfurou-lhe o pescoço, destruindo vértebras.
Ele ficou entre nove e dez dias no Hospital da Posse; depois, foi transferido para o Hospital de Paraíba do Sul; domingo, faleceu, isto é, o atentado deixou de ser atentado para ser um assassinato. Um assassinato a sangue frio, uma violência, uma covardia contra quem ousou, possivelmente, contrariar interesses políticos.
É esse o clima que se vive na política fluminense e é necessário, e confio que isso acontecerá, que a Secretaria de Segurança promova os esforços necessários para descobrir os autores desse crime, quem o executou e quem foi o mandante do crime.
Volto a dizer: confio na Polícia Civil e no seu sistema de investigação, que haverá de elucidar esse crime.
Estamos no limiar das eleições municipais, em que prefeitos e vereadores deveriam ser escolhidos democraticamente nos 92 municípios fluminenses. Não há como fazer política de forma democrática sob a égide das armas, da truculência, da violência e do crime.
Estou fazendo o registro porque, há 15 dias, foi um atentado; hoje é um assassinato.
Vivemos, em tese, na segunda unidade da Federação em arrecadação, em avanços científicos, em processos culturais. Fomos Capital da República, Estado da Guanabara e, hoje, Estado do Rio de Janeiro. E esse tipo de crime de morte ainda faz parte da rotina no nosso Estado, porque aqui também se convive com milicianos e narcotraficantes.
Hoje mesmo e ontem, lia nos jornais que as milícias clonam vans na Zona Oeste, operam o sistema de forma clonada, ainda punindo com violência aqueles que ousam discordar desses procedimentos. É necessário que haja uma atenção muito forte para essa questão.
Uma semana atrás, os jornais noticiavam que o Tribunal Regional Eleitoral iria agir no sentido de que esses procedimentos de dominação de área, de feudo que os criminosos exercem no período eleitoral seriam minimizados, para que o cidadão livremente pudesse expressar seu voto. Assim espero que aconteça.
Fugi do tema central, mas, no fundo, estou nele, porque não me ufano dessa onda de violência que vive o Estado do Rio de Janeiro, também perpassando o processo político do nosso Estado.
Muito obrigado, Sr. Presidente.”