Luiz Paulo defende reforma política

Luiz Paulo defende reforma política

Ao fazer uma nova análise sobre as eleições que se aproximam, o deputado Luiz Paulo defendeu uma reforma política que há tempos está se pleiteando. Abordou a questão ainda de que não há um consenso sobre quem o eleitor escolheu para votar.

Luiz Paulo defende reforma política 1

“(…) infelizmente, os Presidentes da nossa República não têm tido a vontade política de patrocinar uma profunda reforma político-partidária e eleitoral.

Agora mesmo, (…) na parte da manhã, estava eu na Taquara, em Jacarepaguá, em campanha, a três dias das eleições municipais, onde, na minha sensibilidade, talvez 40% do eleitorado ainda não decidiu o voto para vereador. (…) nós devemos ter com as impugnações, hoje, em torno de 1.800 candidatos à vereança disputando 51 vagas. A cidade está coalhada de cartazes, demonstrando, claramente, que o poder econômico impõe um volume maior de cartazes para aqueles que têm mais cabos eleitorais pelas ruas distribuindo os famosos santinhos. O eleitor tem, nesse meio, a função árdua de escolher um candidato ético, um candidato honesto, que conheça as funções do Parlamento carioca; as funções de um Vereador, para fazer um voto consciente.

É impossível essa escolha consciente com o volume de oferta que temos. Eu desafio a qualquer um Deputado, mesmo dentro do seu próprio partido, que ele possa avalizar todos os candidatos, conhecer o nome e a trajetória. É impossível! Se não consegue dentro do seu próprio partido, que fará em outros 30 partidos políticos? Depois, dizem assim: “Bom, a Câmara foi mal escolhida, por um excesso de oferta.” Como é que se altera isso? Com uma profunda reforma política eleitoral, com critérios para os partidos funcionarem. Qual o grande critério para um partido funcionar? Ter voto; ter organização para que os “Ps” da vida não apoiem os candidatos X, Y ou Z a troco de pecúnia. Essa é a verdade.

Mas os Presidentes e a Presidenta da República, os passados e a atual, não chamam a si essa tarefa, a de fazer a reforma. O Congresso Nacional também se queda inerte, porque esse ambiente o favorece. (…)

(…)E pior do que isso, (…), com essa exuberância quantitativa de partidos políticos, na prática, os partidos políticos, todos sem exceção, estão acabando, sob o ponto de vista da sua importância orgânica.

Hoje mesmo, lia no jornal uma declaração do Deputado Marcelo Freixo, que dizia que a partir dessas eleições o PSOL assume a vanguarda do partido de esquerda no Estado do Rio de Janeiro. Ledo engano!

Nas eleições passadas, Deputada Myrian Rios, eu fui candidato a vice com o Gabeira, que no primeiro turno teve uma trajetória exuberante, candidato que foi pelo PV. E no segundo turno, perdeu a eleição por 50 mil votos, e ganhou na Zona Sul com 70% dos votos, no PV. O Deputado Gabeira não foi candidato, agora. O PV está em 2%. Então, o voto, no fundo, não é do partido, o voto fica no cidadão. Basta que o cidadão deixe o partido, o partido desaba. Então, por isso, a reforma política é importante.

Veja as eleições, e não estou defendendo o bipartidarismo. Mas veja as eleições nos Estados Unidos. Como é que é a eleição presidencial lá? Você tem os republicanos e você tem os democratas. Os republicanos têm, imaginemos, 30% dos eleitores, e os democratas outros 30%, dá 60. Então, os dois candidatos vão disputar o quê? Os 40% que não têm definição partidária. Porque lá quem é republicano vota em republicado, quem é democrata vota em democrata, e os 40% restantes decidem.

Aqui com mais de 30 partidos é uma mixórdia. É “P” para todo que é lado. Não tem um Deputado aqui capaz de citar os 30 partidos políticos. Hoje, não são nem 30, na minha conta são 31. E se não registraram outro, há alguns dias, passando para 32.

(…) Concluindo, (…), desde que estou neste Parlamento, já me propus a fazer seminários, debates, ir a Brasília, fazer o que fosse para que essa reforma político-partidária acontecesse. Mas isso se dá no Congresso Nacional e, passa a eleição, todo mundo esquece. Chega a eleição, alguns poucos se insubordinam contra as regras instituídas. Paulatinamente, desmoraliza-se a democracia representativa.”