Eu sou daqueles que sempre propuseram que o político deve lutar para se eleger, mas não se eleger a qualquer preço, principalmente quando o preço é a qualidade de vida do povo brasileiro. Então, essa crise hídrica está mostrando também a natureza daqueles que se apropriam da crise para espalhar o terror. Eu sou daqueles que acham que foi varrida para debaixo dos tapetes a palavra mais importante que a gente precisa ter para organizar uma nação, que é um planejamento estratégico. Esse planejamento sumiu do mapa, quer seja da União, quer seja da maioria dos estados brasileiros. E é isso que temos que resgatar para enfrentar esses graves problemas que vão se apresentando. E também ter serenidade. Todos têm que entender que quando estão no governo, estão no Parlamento, são funcionários públicos e o dever de um funcionário público não é se servir, é servir ao público.
Leia o discurso do deputado Luiz Paulo no expediente inicial da Alerj em 23/10/14:
“Sr. Presidente, Srs. Deputados presentes, Deputado Paulo Ramos, quem ouviu o nosso discurso, nos últimos três ou quatro dias, há de verificar que no fundo eu tinha razão em relação à grave crise hídrica que se abate sobre o nosso país.
Hoje está estampado em todos os jornais do Brasil que o Tribunal de Contas da União, conhecido como TCU, abriu processo para apurar a responsabilidade dos órgãos federais na crise hídrica do nosso país na área de desabastecimento de água. Porque todos são responsáveis.
Há prefeituras petistas que têm mananciais próprios, e esses mananciais secaram. Há prefeituras do PSDB em que tal fato voltou a acontecer. A seca é ampla, geral e irrestrita. E os órgãos federais se omitiram fortemente em relação a essa questão.
Por isso eu tenho cobrado que todos se unam, nas três instâncias de Poder, para enfrentar essa grave crise, que ainda não se abateu também no setor energético, já que o consumo de energia subiu fortemente porque as termoelétricas estão ligadas; porque as nossas hidroelétricas também já estão gerando energia abaixo daquilo que poderiam gerar.
As cabeceiras dos rios estão muito secas, oferecendo panorama de tristeza. E querem culpartidarizar essa crise hídrica, como se não fosse responsabilidade de todos. O nosso Estado do Rio de Janeiro também já está tendo problemas de abastecimento. As regiões que estão abastecidas fora do nosso Estado por poços artesianos, esses poços baixaram o nível fortemente, já estão sendo obrigados a adquirirem carros-pipa.
Então, é hora de acabar essa polêmica vã e cada um assumir a sua real responsabilidade. É claro que, mesmo com a chegada do verão e as chuvas retornem, tais fenômenos irão se repetir, possivelmente já em 2015. Então, há que se ter um planejamento efetivo de acessibilidade à água potável neste País. Não há como partidarizar esse problema, porque ou todos são competentes ou todos são incompetentes.
Planejar para minorar, para se ter uma política em cima das intempéries dos eventos extremos que, hoje, ocorrem na natureza é fundamental. Estão sendo construídas novas séries históricas que contrariam as séries mais longas de períodos chuvosos e períodos secos.
Por isso, Sr. Presidente, é importante essa assunção de responsabilidade de todos aqueles que estão no comando deste País, dos estados e das prefeituras por livre iniciativa. Foram cumprir essas funções porque desejam. É uma lástima se verificar que a esta altura do campeonato haja torcida, Deputado Comte Bittencourt. O Presidente da ANA está torcendo para não chover para que se extraia do sistema Cantareira, não água, e sim lodo. Uma perspectiva dessa num representante público é a perspectiva de querer maltratar o povo brasileiro, e em especial o paulista e o paulistano. É inadmissível esse tipo de torcida que tem o único objetivo de angariar votos.
Eu sou daqueles que sempre propuseram que o político deve lutar para se eleger, mas não se eleger a qualquer preço, principalmente quando o preço é a qualidade de vida do povo brasileiro. Então, essa crise hídrica está mostrando também a natureza daqueles que se apropriam da crise para espalhar o terror.
Eu sou daqueles que acham que foi varrida para debaixo dos tapetes a palavra mais importante que a gente precisa ter para organizar uma nação, que é um planejamento estratégico.
Esse planejamento sumiu do mapa, quer seja da União, quer seja da maioria dos estados brasileiros. E é isso que temos que resgatar para enfrentar esses graves problemas que vão se apresentando. E também ter serenidade. Todos têm que entender que quando estão no governo, estão no Parlamento, são funcionários públicos e o dever de um funcionário público não é se servir, é servir ao público.
Se entenderem um pouco a essência do que é ser funcionário público, o Brasil avançaria de uma forma muito rápida, porque se de um lado vivemos crise hídrica, de outro lado se vive crise de valores. A crise de valor é uma crise que se perpassa em muitas instâncias e tende a fazer com que o eleitor olhe para o político achando que são todos iguais, e não são. Temos que melhorar esse nível.
Pelo menos, Sr. Deputado Comte Bittencourt, estou verificando que nesses dias finais do segundo turno, uma coisa boa veio à linha do horizonte: a população se mobilizou para discutir política; a população assumiu lados e eu acho isso importante. A população começou a entender que não pode deixar a política nas mãos de alguns que se dizem iluminados. Política é uma construção coletiva. A responsabilidade de mudar este País é de todos nós e não de quem eventualmente está no poder. Parece que isso, essa politização que este segundo turno está promovendo por um Brasil dividido eleitoralmente, pode indicar novos caminhos. De tudo, de tudo, sobra essa perspectiva.
Muitos jornais, Sr. Deputado Comte Bittencourt, estão dizendo que essa eleição, pela paixão a ela inerente, é um Fla-Flu. Eu diria que paixão e emoção caminham juntas. E esse Fla-Flu é simbólico, porque se depender de ser um Fla-Flu teremos no dia 26 eleições muito tranquilas, Sr. Deputado Comte Bittencourt, porque o Fluminense derrotou o Santos por 1×0 e o Flamengo ganhou do Internacional por 2×0, o que simboliza dizer que as duas torcidas estão vivendo um momento de paz em relação aos seus clubes. Que isso também possa levá-las a fazer suas escolhas, emocionalmente, sim, mas com alguma dose de razão.”
