Nos pouco mais de oito meses de mandato a presidente Dilma Rouseff vem enfrentando diversas crises políticas, decorrentes de escândalos de corrupção em variados setores do governo. Nesses primeiros meses na presidência, três foram os ministros que deixaram o governo. A dança dos ministros mostra a fragilidade em que o governo se encontra.
Prova máxima de que nem todos seus “companheiros” estão ao seu lado, Nelson Jobim, no programa “Poder e Política – Entrevista”, conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues no estúdio do Grupo Folha em Brasília, afirmou que votou em José Serra nas eleições para presidente. Ministro da Defesa na época da entrevista, Jobim causou grande mal-estar no governo. Jobim estava no Ministério da Defesa desde 2007, no governo Lula, e foi mantido no cargo pela presidente Dilma. E o ex-ministro foi além. Em entrevista à revista “Piauí”, ele supostamente afirmou que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é “muito fraquinha” e que Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, “sequer conhece Brasília”. Também teria citado um diálogo com a presidente Dilma Rousseff sobre a contratação do ex-deputado José Genoíno para assessor.
Os inúmeros casos de corrupção contribuíram para que os números que avaliam a aprovação do governo caíssem. A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff sofreu revés em julho, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira. Na pesquisa, 48% avaliam como ótimo ou bom o governo Dilma contra 56% em março. Os que consideram o governo regular passaram para 36%. Antes este percentual era de 27. Outros 12% o avaliam como ruim ou péssimo. Antes eram 5%.
Luiz Paulo, deputado estadual pelo PSDB, não poupou críticas aos casos de corrupção. Em discurso no plenário da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o parlamentar relembrou os casos de corrupção pelos quais o governo Dilma já passou.
“A Presidenta Dilma Rousseff assumiu o mandato de Presidenta da República em 1º de janeiro de 2011, e logo no início do seu mandato – lembrando a V.Exa. que ela foi Secretária da Casa Civil do Presidente Lula – logo nos seus primeiros momentos de mandato, ela teve que demitir o Ministro da Fazenda Antônio Palocci, Ministro da Fazenda do Poder Executivo, porque deu consultoria em períodos pretéritos, inclusive da campanha, com valores inacreditáveis, sem sequer justificar o teor dessas consultorias e quem fez o pagamento das mesmas. A questão do Palocci ficou uns 15 dias na mídia.
Depois, veio o escândalo do Ministro da Ciência e Tecnologia do Poder Executivo Federal, Aloízio Mercadante, ligado à campanha eleitoral de reeleição do Lula, naquilo que foi intitulado o escândalo do dossiê. Dossiê esse produzido por forças petistas, com o intuito de desestabilizar a candidatura adversária – e era um dossiê falso. Num hotel em São Paulo, com esses meliantes, à época, chamados pelo Lula de aloprados, foi presa uma mala, ainda na Polícia Federal e com mais de um milhão de reais, e ninguém foi reclamar ser o dono da mesma.
O terceiro escândalo foi no Ministério dos Transportes, onde caíram, de cabo a rabo, o ministro e toda a sua equipe, talvez envolvendo 26 pessoas. Depois veio o escândalo do Ministério da Agricultura, tendo caído a segunda figura mais importante e blindaram o ministro. Hoje, numa ação da Polícia Federal, é um escândalo do Ministério do Turismo, com ordem de prisão a mais de 40 membros”.
O parlamentar apontou a corrupção como o principal fator a ser combatido no país. Segundo ele “A corrupção mina a esperança do povo, mina a democracia, desacredita os mandatos e os próprios eleitores – por isso considero esta a grande praga do nosso país”, completou.