O deputado Luiz Paulo comentou em Plenário que até as eleições do dia 7 de outubro, pelo menos, o Brasil estará focado no julgamento do Mensalão. Comentou também a atuação do relator Joaquim Barbosa, principalmente sobre as teses fajutas que a defesa apresentou.
“Parece – ao que tudo indica – que até o dia 07 de outubro, o Brasil continuará a viver sob o império do julgamento do mensalão.
E o grande herói nacional, Ministro Joaquim Barbosa, dá um exemplo histórico do que a Constituição Federal denomina “Independência dos Poderes”, pois como Relator, desmonta todas as teses fajutas que foram criadas a respeito do mensalão.
A tese do caixa dois de campanha foi para o ralo, até porque os repasses dos recursos foram feitos depois do período das eleições.
A tese do pagamento de contas de campanha que o PT tinha se comprometido a pagar também foi para o ralo, porque muitos dos que receberam pertenceram a coligações nacionais diferentes da do Presidente Lula.
E todas as teses foram para o ralo. Só sobraram as teses da corrupção ativa, da corrupção passiva, do peculato, da lavagem de dinheiro e da formação de quadrilha. E, dentro desse enfoque, o Relator, em quase a maioria dos seus julgamentos, tem conseguido a unanimidade dos outros ministros ou a vitória com votos às vezes contrários. E está chegando, se aproximando a hora da verdade final, que é o julgamento do chamado núcleo político, do núcleo duro dos comandantes em chefe das operações “compra de voto”. Porque nada mais foi o mensalão do que o pagamento, a diversos partidos políticos, de propinas para o PT vencer a disputa, em Plenário, no Congresso Nacional. E está chegando a hora desse núcleo duro, que é José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, com muitos indicadores já, em função de outros já julgados, de que eles também poderão vir a se condenados.
Então, sob o império desse julgamento é que vão acontecer as eleições no Brasil inteiro. E tem havido uma certa surpresa em parcelas da nossa sociedade, que eram capazes de apostar que o julgamento acabaria em pizza. Não é o que vem ocorrendo. Pode ser até que, no cômputo médio das penas, elas sejam suavizadas, que, depois do julgamento, caibam embargos declaratórios, depois dos embargos declaratórios, caibam embargos infringentes, o que vai levando no tempo o transitado em julgado para ser publicado muitos meses depois.
Mas, sob o ponto de vista da opinião pública e do que tem acontecido no Supremo, o julgamento tem sido dado de forma imparcial. É evidente que isso tem repercussão política e também tem repercussão eleitoral, principalmente no Estado de São Paulo, onde está a base mais forte, o núcleo de criação do Partido dos Trabalhadores, como também o é do Partido da Social Democracia Brasileira, à qual eu pertenço.
Estou fazendo estes comentários porque é necessário, porque essa é a matéria recorrente em toda a imprensa escrita, falada e televisada do nosso País. A ponto de o candidato à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Prefeito, já ter publicamente reconhecido – e nem poderia fazê-lo em contrário – que o mensalão existiu. É claro. Não poderia fazê-lo em contrário, se ele foi um dos relatores da CPI dos Correios e, através da caneta do mesmo, ficou constatada a existência do mensalão.
E aí, ele vem com a questão: “todo partido político tem gente boa e gente ruim”, e eu concordo. Todo partido político, sem exceção, tem gente de qualidade e gente de pouca qualidade. Não é essa a questão. Porque essa é uma questão do bojo de todas as instituições. Infelizmente, mas é.
O que se está discutindo é que quem está sendo julgado no mensalão não é um deputado qualquer. É o núcleo duro do Partido dos Trabalhadores. É a direção nacional do Partido dos Trabalhadores. Essa é a diferença. Não é o ‘Zé Mané’, do PSDB, nem tampouco o ‘João das Couves’, do PMDB ou o ‘Serafim’, do PSOL. Quem está sendo julgado é o comando maior do Partido dos Trabalhadores: Zé Dirceu, Zé Genoíno e o tesoureiro Delúbio.
Toda sociedade sabe que está faltando um. Já cansei de me referir àquela música que tão bem foi interpretada, se não me engano, pela Dalva de Oliveira, que é do meu tempo e do Deputado Paulo Ramos, da década de 50, quando estávamos de calças curtas, que, não se referindo, claro, ao Mensalão, mas eu interpreto passando para o Mensalão, dizia: ‘Zum, zum, zum, zum, está faltando um’.”