Rio – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer construir um terminal pesqueiro público no simpático bairro da Ribeira, na Ilha do Governador, e isso vem gerando um justificado desespero nos moradores daquela área.
Ninguém tem dúvida que o Rio precisa de um entreposto moderno e que não pode continuar usando um improvisado — na Ceasa —, instalado num local distante dos pontos de atracação.
Agora, querer impor um grande terminal numa área residencial chega a ser criminoso. Quem se lembra do entreposto da Praça 15, desativado em 1992, sabe do que estou falando.
Não se aguentava o cheiro, sentido a centenas de metros, e, já naquela época, o vaivem de caminhões atravancava o trânsito de toda aquela área do Centro do Rio. Aquela região, inclusive, demorou alguns anos para se revitalizar.
O absurdo é que pretendem, ao arrepio da lei, construir esse terminal numa área classificada pela legislação municipal como zona residencial. Mas o mais preocupante é o risco que o empreendimento pode causar no tráfego aéreo.
A Resolução 4 do Conselho Nacional de Meio Ambiente proíbe o funcionamento de atividades que atraiam pássaros num raio de 20 quilômetros de aeroportos. Isso posto, fica a pergunta: quem vai se responsabilizar se um pássaro causar uma tragédia aérea próximo ao aeroporto Tom Jobim?
Órgãos técnicos de aviação garantem que o projeto do terminal pesqueiro amplia os riscos iminentes já encontrados no local. A Prefeitura já se manifestou contrariamente. Os moradores também são contra. A atividade já é feita em outro local e, portanto, não vai gerar novos empregos.
Fica a pergunta: a quem interessa esse terminal na Ilha?
(Opinião – Artigo – O Dia – 08.06.2010)