Artigo publicado na revista do Jornal O Fluminense destacou a importância da Lei da Autovistoria, acrescentando que a Lei, que tem como coautor o deputado estadual Luiz Paulo, estimula edifícios mais verdes.
Leia o artigo do engenheiro mecânico David Gurevitz na íntegra:
Autovistoria estimula edifícios mais verdes
O conceito de inspeção verde é aquele que define mais economia alinhada à sustentabilidade predial. São providências que se fazem cada vez mais necessárias para a boa saúde dos condomínios, com evidentes e econômicas vantagens coletivas ambientais. Os moradores, logicamente, são os beneficiados primeiros e diretos pelo aumento da qualidade de vida que pretendem quando buscam reduzir despesas gerais que implicam em ações diretas de respeito e menor agressividade ao ambiente. Assim, o que é bom para a ecologia é bom para a economia.
Desde quando a autovistoria predial se tornou obrigatória no Rio de Janeiro (Lei estadual número 6.400), garantir boas condições físicas e de segurança nos edifícios, tendo por meta também a sustentabilidade, evidenciou-se um avanço considerável na melhoria urbana. Sem maiores complicações e até com vantagens para o orçamento de todos. Há ações simples que podem gerar queda de até 60% nos gastos dos condomínios.
Um bom exemplo da necessária e sustentável atualização tecnológica é a utilização de lâmpadas de LED, que consomem menos energia. Outro exemplo econômica e socialmente correto é a reciclagem do lixo, que reduz em até 80% os resíduos sólidos domésticos. Seguem-se ainda as medidas relacionadas ao sistema de tratamento de esgoto e ao aproveitamento de água da chuva, além do emprego de revestimentos à base de tintas especiais que funcionam como isolante térmico. Há ainda o uso de jardins verticais para climatizar, refrescar e tornar o ambiente mais saudável e arquitetonicamente atraente.
Todas as medidas citadas são como um antigo dever de casa, não obstante ainda pouco propagado. E podem reduzir em até 30% os débitos do condomínio acrescentando 20% de valorização ao imóvel mesmo que ele já tenha 20 anos de uso.
Mas se há resistência em adotar medidas tão vantajosas, quem é contra associa erroneamente a sustentabilidade a técnicas sofisticadas e onerosas. Em contraposição, podemos dar outros exemplos de serviços sem alto custo, como a instalação de sensores de presença em áreas comuns dos edifícios. Sem falar nos proverbiais princípios da boa educação – que não exigem um centavo sequer do condômino – como o uso racional da água, um bem cada vez mais precioso em nosso desgastado planeta.
No Brasil, empreendimentos sustentáveis já representam mais de 8% do PIB (Produto Interno Bruto). Na área de certificações verdes, o país só perde para os Estados Unidos, a China e os Emirados Árabes Unidos em número de edifícios detentores do Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), o selo americano de construção sustentável mais conhecido no mundo, hoje presente em 143 países. Com 82 empreendimentos certificados e 620 em processo de obtenção do selo, o Brasil deverá chegar ao terceiro lugar até o próximo ano.
Porém, para que um edifício conquiste a certificação Leed – outorgado pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil) – é necessário passar por uma adequação própria e adotar conceitos de sustentabilidade. Nada mais oportuno, portanto, do que aproveitar a obrigatoriedade da lei da autovistoria, aliando-a à conquista da certificação Leed com a adesão às vantagens de um sistema que não se restringe à específica área econômica. Embora qualidade maior de vida signifique também vantagens econômicas gerais. E o que é a vida com mais qualidade senão a consequência da adoção de comportamentos e providências capazes de reduzir impactos ambientais em benefício particular e do próprio planeta?
Publicado originalmente em: http://www.ofluminense.com.br/coluna/espaco-aberto