Peço desculpas, mas vou cuidar de um tema político com viés partidário, para chamar a atenção de algumas questões que considero importantes.
Quem é o interventor
Nas páginas amarelas da revista Veja, de fevereiro de 2020, edição 2674, e no site do PSDB do Rio de Janeiro consta entrevista do Sr. Paulo Marinho, empresário e morador do Jardim Botânico, atualmente exercendo o cargo de interventor no PSDB do Estado do Rio de Janeiro, nomeado que foi pelo presidente nacional do partido que foi assessorado pelo governador de São Paulo, Sr. João Doria.
Nessa entrevista, que fui obrigado a ler com tristeza, o cidadão Paulo Marinho, que teve vida hedonística, diz que descobriu, ao ingressar na terceira idade, que iria fazer política. Até então, tinha se dedicado às suas vertentes hedonísticas e ao exercício dito empresarial. Ele tem o direito de dar qualquer entrevista, mas chamou-me a atenção, ao extrapolar os limites de respeito pessoal que deve ter.
A infâmia
A revista lhe faz uma pergunta levantando a seguinte questão: “O Rio é o Estado cativo do MDB, da esquerda e dos evangélicos.” Olhem que salada de fruta! E a pergunta continua: “Como fazer o PSDB decolar?” Do alto de sua sapiência política, Sr. Paulo Marinho responde: “As dificuldades são imensas. Nós não temos máquina nenhuma no governo e as pessoas que dirigiam o PSDB antes de mim eram políticos que usavam o partido para as próprias eleições. Por outro lado, o campo político do Rio está completamente aberto e será construído com novas lideranças. A maioria dos velhos caciques está presa e os que sobraram não têm relevância.”
Quais as características do interventor
Há muito tempo não leio nada tão desrespeitoso. Como esse neófito pode afirmar que aqueles que não foram presos – e por via de consequência estão soltos, porque são inocentes – não têm nenhuma relevância?
E ainda questiono: Deputado Felipe, V. Exa., um jovem político, conhece o gestor, o político, Paulo Marinho? Possivelmente não, porque é um ilustre desconhecido que não tem, a não ser, volto a dizer, por sua carreira hedonística e empresarial, nada a ver com a defesa das minorias, com a defesa da democracia, com o ideário social democrata.
A verdadeira e bem sucedida história
Gostaria de lembrar ao Sr. Paulo Marinho que fui dirigente do PSDB, ainda estou no PSDB e, em abril, completarei 27 anos de filiação a esse partido. Nessa minha trajetória, iniciada em abril de 1993, ajudei a construí-lo. Queria lembrar que, um ano depois, em 1994, nas eleições gerais, ajudamos a eleger Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, presidente da república. Ele venceu no Rio de Janeiro. Participei da chapa em que o candidato a governador era Marcello Alencar e eu o seu vice; e fomos eleitos. Elegemos, pelo Rio de Janeiro, o saudoso senador Artur da Távola e a maior bancada desta Assembleia, salvo erro de memória, 16, e 14 deputados federais.
Em 1998, ajudamos a reeleger Fernando Henrique Cardoso, e fui candidato a governador, não por anseio meu, porque queria, àquela época, ser candidato a deputado federal. Tivemos mais de um milhão de votos. Voltamos a eleger excelente bancada estadual e federal.
Posteriormente, e até aí nunca tinha sido candidato proporcional, me elegi deputado estadual; fui candidato a vice-prefeito, pelo PSDB, na chapa de Fernando Gabeira. Perdemos no segundo turno, por 50 mil votos de diferença. Trabalhei incessantemente nas campanhas de José Serra, duas vezes, e Geraldo Alckmin, duas vezes. Sendo que, por três vezes, Serra e Alckmin – Serra, duas vezes e Alckmin uma vez -, foram para o segundo turno.
Não fiz isso, evidentemente, sozinho, mas acompanhado de valorosos companheiros, com mandatos ou não, que, agora, esse cidadão, esse neófito, resolveu agredir. Com mandato, cito aqui a deputada Lucinha, com vitoriosa passagem pela política, eleita diversas vezes vereadora e deputada estadual, e sempre na casa dos 70 mil votos, isto é, ajudando a legenda do partido. Temos na Câmara Municipal uma grande vereadora, Teresa Bergher, de muitos mandatos, com grande destaque, que ele resolve também ofender, colocando todos no mesmo balaio.
No governo do Wilson, tem ex-dirigente partidário, que não está lá, evidentemente, com o meu aval, mas que respeito – ex-deputado federal Otávio Leite.
Interesses privados à frente dos públicos
Como esse cidadão, que sempre cuidou de seus interesses privados, nunca cuidou de interesses públicos, vem querer ser crítico àqueles que ajudaram a construir a história do PSDB?
A necessária saída do PSDB após 27 anos
Quero dizer que recorri ao TRE, para sair do PSDB, porque jamais vou compactuar com golpista neófito, sob comando de Dória, que está destruindo o partido, não sob o ponto de vista só eleitoral, mas sob o ponto de vista ideológico.
Ganhei de seis a zero no mérito a minha ação, mostrando que quem mudou não foi eu, foi o partido. Fizeram embargos de declaração. Perderam de seis a zero. Fizeram um recurso especial, que foi negado. Agora, fizeram agravo de instrumento ao recurso especial aos embargos de declaração no TSE. Vamos aguardar.
Lamentável
Mas, não sou daqueles que me calo, quando vejo um cidadão como o Sr. Paulo Marinho, que foi expurgado do PSL, porque não foi contemplado com uma sinecura no governo, vem para o PSDB e nega a história tucana dizendo que, agora, seu novo partido vai para as cabeças.
Eu volto a dizer: o projeto do PSDB do Estado do Rio de Janeiro, eu intitulo de projeto zero a zero. Vai eleger zero prefeito e zero vereador. Lamentável!