Com enorme atraso e a situação já fora de controle, o Governo Federal decide intervir na Segurança Pública do Rio. Acima da possibilidade de encarar a questão da violência em nosso Estado, o Governo Federal enxergou, na intervenção, saída para evitar sua derrota na votação da Reforma da Previdência, porque nenhuma alteração na Constituição pode ser feita durante esse processo.
O fato é que, mesmo fora de tempo e motivações dúbias, ela chegou. As ações precisam ser executadas com planejamento e inteligência, indo além de simples e momentânea ocupação de ruas com tropas federais. Não é hora para jogadas de marketing ou planos eleitoreiros. Os últimos dias representaram o fundo do poço para o Rio, Estado e capital. Foram demonstração clara da incapacidade administrativa e de gestão financeira, da ausência de lideranças políticas à frente das gestões estadual e municipal da capital. Isso, além de completa irresponsabilidade com a vida de fluminenses e cariocas, incluindo aqueles que aqui vêm dando sua contribuição para que Estado e capital saiam do buraco em que seus gestores os colocaram.
Nossa população precisa ter o direito de se locomover, de se transportar, de viver sem ameaças de todos os tipos – desde águas invadindo suas casas, até assaltos e violência diárias, prédios ruindo, buracos entupidos, rios que viram mar, árvores que caem, hospitais invadidos pelas águas, viadutos que vivem ruindo. É cansativo relacionar tudo. E haveria necessidade de muitas e muitas linhas para enumerar a tragédia.
A indignação não pode deixar-nos imobilizados. É preciso transformá-la em ação construtiva. O Rio de Janeiro precisa disso, precisa de cada cidadão deste Estado. Nossa cidade, que sempre foi maravilhosa, merece encontrar a paz, o desenvolvimento, e ter acesso a políticas públicas decentes.
Que venha a intervenção na segurança pública e que seja bem sucedida e não um salto no escuro.
É preciso clareza de que o Rio só encontrará seu caminho ao erradicarmos a incompetência, a omissão e o despreparo dos gestores públicos de nosso país, Estado e prefeitura. É tempo de reagir e recolocar o Rio e o Brasil na direção dos interesses da população e isolar quem os compromete.
Se o governador e o prefeito não mais governam, por que não renunciam? Seria uma demonstração de grandeza. Ou, com respaldo popular, por que não o impeachment?