O desejo de mobilidade urbana se constituiu no principal foco dos protestos nos últimos meses
O desejo de mobilidade urbana se constituiu no principal foco dos protestos nos últimos meses. Não surpreende que, no Rio de Janeiro, a sociedade dê importância à precariedade da mesma em razão da displicência, desprezo pelo planejamento e gosto pela improvisação com que o governo trata a questão. Sobretudo em relação à nossa Região Metropolitana, vítima histórica da inadequação, senão da ausência de políticas públicas de uso do solo, habitação, transporte e emprego.
Pesquisa do Observatório das Metrópoles da UFRJ revelou o Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu) das 15 regiões metropolitanas brasileiras e classificou a do Rio de Janeiro em deplorável 12º lugar. No quesito mobilidade urbana fomos os últimos. Uma realidade absurda, face ao que poderia significar de eficiência para a mobilidade se os 265 km de trilhos da rede férrea fossem utilizados com eficiência.
Na capital, a questão tende a se agravar, pois o metrô é desprezado enquanto rede sistêmica e transformado em um ‘linhão’ com a extensão da Linha 1 para o Leblon e Barra, o que levará à superlotação. Sem planejamento, gestão e expansão adequados, trens, metrôs e barcas não operarão em seu total potencial, hipertrofiando o sistema de ônibus.
Querem, ainda, derrubar a Perimetral. Adicione-se que o governo federal, ao incentivar a produção de automóveis, incrementa também os engarrafamentos, o aumento do tempo das viagens e os grandes deslocamentos. Clara perda de qualidade de vida da população.
Enquanto esse quadro se torna insuportável, e a população protesta, o governo do estado ainda não cumpriu a Lei 5.192/2008, que o obriga a elaborar o Plano Diretor Metropolitano, sem o qual a desorganização metropolitana, incluindo a sofrível mobilidade urbana, só fará se agravar.
Luiz Paulo Corrêa da Rocha – Deputado estadual pelo PSDB
Publicado no Jornal O Dia (17/09/2013)