Fim dos discursos de ódio, por Luiz Paulo
Sra. presidente, deputada Tia Ju, senhoras e senhores deputados ainda presentes em plenário, senhoras e senhores telespectadores da TV Alerj, Sra. Kelli Klinger, intérprete de LIBRAS, que leva a nossa voz aos deficientes auditivos, minhas saudações.
Agressão e morte de crianças em Joinville
Quero aqui confessar a minha perplexidade, revolta, angústia, meu sentimento de solidariedade às famílias, porque ao longo da minha vida – já são 77 anos – nunca vi um cidadão cometer um crime tão bárbaro como aconteceu em Joinville, Santa Catarina, ao pular o muro de uma creche, matar quatro crianças a machadada e, além do mais, agredir e ferir outras cinco. Não tenho na minha memória um volume de crianças na faixa etária de três a cinco anos tão violentadas, agredidas e mortas como aconteceu em Joinville, Santa Catarina.
A morte da professora
Mas este não é fato isolado. Ainda há poucos dias, tivemos, também, numa escola o assassinato de uma professora a facadas. Não teve consequências piores ainda, em função da bravura de duas outras professoras que desarmaram o criminoso.
O fogo no ônibus em Caxias
No dia de hoje, concomitantemente, outro criminoso tocou fogo num ônibus no município de Duque de Caxias – ainda não sei bem quais foram os motivos –, possivelmente, visando prejudicar alguém que estava naquele sistema de transporte.
O tiro dirigido a alunos nos Estados Unidos
Ainda há poucos dias, tivemos nos Estados Unidos uma mulher fazendo tiro ao alvo em relação a alunos de uma determinada escola. Isso tudo nos dá um sentimento de profunda impotência. É como se a sociedade mundial estivesse ensandecida, doente, externando – parte dela, evidentemente – os piores lados dos seres humanos. Venho discursando aqui seguidamente que estamos vivendo na sociedade do medo: se uma criança numa escola murada não está segura, quem estará seguro?
Rússia e Ucrânia
Relatei, entre tantos fatos destrutivos, que perdemos o número de vítimas. Na invasão da Rússia à Ucrânia, não tenho mais o número do quem morre por dia: crianças, adultos, mulheres, idosos. Já faz um ano, como se tivesse entrado na rotina mundial.
O drone dos projéteis atômicos da Coreia
O presidente da Coreia vem a público se vangloriar de que lançou um drone com capacidade de lançar projéteis atômicos submarinos, capaz de provocar tsunamis radioativos. E comemora isso!
Que sociedade é essa?
Que sociedade é essa? É a sociedade do fim do mundo? É a sociedade do medo? Tem que haver uma forma, mundial e localmente, de mediar e prevenir essas situações. E não é com mais discursos de ódio; é com discursos de conclamar esforços coletivos, porque são crimes absolutamente abomináveis os que estão acontecendo.
Crianças merecem carinho e não morte
Nós, que já vivemos bastante, e mesmo os mais jovens, temos filhos, netos; crianças são seres inofensivos que merecem, de todos, carinho, e não morte e destruição. Penso aqui que os quatro que, possivelmente, vão se salvar em Joinville, o quanto de tratamento psíquico vão necessitar para se recuperar, porque foram testemunhas dessas violências praticadas. E, talvez, mais não tenham morrido por alguma ação de professores, que devem ter conseguido isolar outras crianças.
É preciso a polícia usar a inteligência e monitorar redes
Fico a imaginar o que, de fato, poderia ser feito. É claro que a primeira reação é um policial em cada escola, mas não há efetivo policial capaz de uma decisão desse nível. O número de escolas é imenso. É claro que as escolas privadas, de imediato, vão contratar seguranças privadas e, evidentemente, tudo isso recairá nos custos da mensalidade. Mas, algo muito forte é que precisa ser feito. Imagino que a polícia tem que, cada vez mais, usar a inteligência e monitorar as redes, quer seja a rede formal, mas, principalmente, a deep web, essa rede subterrânea onde muitos criminosos se manifestam sobre seus intentos amaldiçoados de prejudicar inocentes da nossa sociedade. Imagino isso tudo. E é inaceitável tal situação! Por mais que você pense e reflita é uma situação revoltante e quem tem o mínimo de dignidade humana precisa, de fato, se rebelar.
Controle externo da administração pública
Em uma Sessão como a de hoje e todas as outras que a precederam, vejo a ânsia que temos de apresentar projetos de lei, e falo de mim também. Por que será que precisamos apresentar tantos projetos de lei se já temos tantas leis? Por que será? Porque os poderes executivos não funcionam, essa é a verdade. Achamos que tudo vai ser resolvido com projeto de lei. Quando, na verdade, o nosso mister maior, continuo reforçando essa tecla, é fiscalizar o Poder Executivo. Somos o Parlamento Fluminense e, como todos os outros parlamentos, está escrito na Constituição, pertencemos e temos que fazer o controle externo da administração pública, junto com o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Esse é o nosso mister maior. E, subsidiariamente, entendo eu, também produzir leis, porque é a nossa função normativa.
Reflexão profunda para chegar às ações
Mas, estamos vivendo um momento de que buscar essas saídas está cada vez mais difícil. Esse é um grande desafio no qual não cabe demagogia, não cabe retórica. Cabe, sim, reflexão profunda para saber que ações, de fato, os poderes como um todo devem tomar, junto com a sociedade, para minorar esse volume de violências assustador que abala o mundo, em especial o nosso país e em especial o Estado do Rio de Janeiro. Porque, de outro lado, aqui no Estado do Rio de Janeiro, as escolas públicas e/ou privadas toda semana ficam entre fogo cruzado, quer seja bandido contra bandido, seja bandido contra o mocinho. Estamos sempre em fogo cruzado e dentro de cada escola tem o corpo docente e o corpo discente.
O mundo com perdão de Jesus e a propagação do amor
E, mais uma vez, estamos a um passo da Semana Santa, a um passo da Semana Santa, onde, na Sexta-Feira Santa vamos ficar consternados com a morte de Jesus Cristo e nos alegrarmos, no sábado para domingo de Aleluia, com a ressurreição. E Jesus Cristo veio ao mundo, independente do credo de cada um, trazendo duas grandes missões: a primeira, trouxe para o mundo o perdão, porque até a vinda dele não existia. Era o olho por olho, dente por dente. E a segunda é a propagação do amor, do amor fraterno, do respeito à dignidade humana, de respeito ao ser humano. Eu diria até que também dá uma mensagem importante de uma doutrina social. Porque tanto Jesus quanto os seus apóstolos eram todos operários naquela época, sem relação de trabalho, mas todos tinham profissão. Ou era pescador, era carpinteiro etc. etc.
O cristão não acolhe a tragédia da guerra.
Eu me pergunto, as igrejas se proliferaram pelo mundo. Que bom. Muitos são os pregadores. Que bom. Há correspondência da sociedade para essas mensagens? Nem nos dirigentes. Quando um declara guerra ao outro, está ferindo o princípio básico do cristianismo, porque não há como um cristão acolher a tragédia da guerra. E nós estamos caminhando a passos largos para um impasse social sem precedente.