Fazendo uma reflexão, por Luiz Paulo
Sr. presidente do expediente inicial, deputado Ratinho; srs. deputados Carlos Macedo e Samuel Malafaia; saúdo, também, as sras. e srs. telespectadores da TV Alerj, em especial, a sra. intérprete da língua de Libras, que leva a nossa voz aos deficientes auditivos.
Sr. presidente, um pouco antes de chegar aqui o deputado Samuel Malafaia, eu conversava com o deputado Carlos Macedo sobre os últimos tempos e eu diria os últimos anos. Nós, deputados, que temos obrigação de acompanhar todo noticiário das nossas cidades, do estado, do país e do mundo, temos observado, com muito pesar, o volume de notícias e prognósticos difíceis que se vão apresentando.
Previsões de aumento da temperatura média
Conversava com o deputado Carlos Macedo que, num jornal da Globo News, e já eram mais de 23 horas, vi o noticiário dos cientistas que pesquisam mudanças climáticas, prevendo para os próximos 5 anos, não estou falando de 50 anos, não, para os próximos 5 anos, aumento considerável da temperatura média e, como derivado disso, precipitações atmosféricas localizadas e gigantescas e, derivado disso, queimadas e incêndios sucessivos.
Qual é o planeta que desejamos?
É esse o planeta que desejamos? Evidentemente que não. Toda reunião internacional sobre mudanças climáticas, os países fazem um compromisso até um ano X para diminuir a média do aumento de temperatura através da diminuição das emissões, principalmente, mas não só, de carbono, e, sucessivamente, essas medidas e metas não são cumpridas.
O desmate na Amazônia
Vamos até a região amazônica e verificamos a escala do desmatamento e o senhor, que mora na Baixada, deputado Ratinho, e conhece a dimensão do município de Nilópolis, com 9 km², a dimensão do município de São João de Meriti, que também não é grande, porque grande é a sua população, verificamos que o que se desmata na Amazônia, em um, dois meses, é muito mais do que a Baixada Fluminense inteira e, evidentemente, isso tem um preço para todos nós. Então, estamos aqui pontuando as questões ambientais que não têm tido um enfrentamento devido.
A questão da sociedade de consumo e seu cruzamento com a destruição ambiental
A sociedade em que vivemos, que já foi tão discutida, e é a sociedade do consumo, estabelece que o capital tem que multiplicar e que a produção tem que estar sempre em ascensão. Sociedade do consumo exige produções gigantescas para sustentar consumos gigantescos a troco de destruição ambiental gigantesca.
Parece que nós, seres humanos, perdemos a noção dos verdadeiros valores das nossas vidas. E um deles é tentarmos, minimamente, estarmos harmônicos com a natureza. Para você estar harmônico com a natureza, é necessário que você esteja, no mínimo, harmônico consigo mesmo. Mas, ao inverso disso, o que nos aponta o quadro mundial e no nosso país? A Rússia invadiu a Ucrânia e já faz mais de um ano. A guerra continua, e entrou na rotina da população mundial, como se despedaçar vidas e bens pudesse fazer parte da rotina. Se venho para o meu país, vejo na Amazônia a tribo dos Yanomamis destruída, com crianças magérrimas, doentes, tudo derivado da presença do garimpo predatório naquela região. E convivemos com isso há quantos anos?
Vamos dar panorama geral na área da fome, da miséria. O Brasil é tech, o Brasil é agro, o Brasil é tudo, e há 30 milhões de famintos no nosso país. Exportamos grãos e carne a rodo, mas 30 milhões de brasileiros não têm o que comer. Estou só querendo apontar o tamanho do drama que vivemos.
Política do ódio a não do interesse social
Na política, que é o nosso meio – estamos aqui como representantes populares eleitos – o que se vive é política de ódio e não política a favor do interesse social. Desde quando o ódio, no parlamento e na política, foi objeto de desenvolvimento econômico e social? Será que o mocinho é sempre aquele que pensa parecido conosco e o bandido é o adversus? Evidentemente que não. O que vemos hoje, e continua, é a sociedade polarizada, e essa polarização, muitas vezes, tem reflexo aqui, também, no parlamento fluminense.
Tema político e não técnico
Trouxe esse tema político e não tema técnico, como costumo trazer, exatamente para fazer uma reflexão. Será que já passamos do ponto de retomarmos o caminho da paz, da compreensão, do respeito ao meio ambiente? Será que estamos de fato numa descendente sem opção? Custa-me crer, porque estabeleci uma premissa: se o ser humano, sob o ponto de vista bíblico e metafórico, foi criado, sob o ponto de vista do espírito, à imagem e semelhança de Deus, e Deus é perfeito, por via de consequência o homem foi criado para dar certo, e não para dar errado. Essa é a conclusão que sempre tirei da compreensão da teoria do Deus único criador. Mas, se olharmos o mundo de hoje, parece difícil, duro, descobrirmos que o homem esteja no caminho para dar certo. Então, faço essa reflexão, porque essa é uma questão central sobre a qual precisamos refletir, resistindo, para que este rumo seja alterado.