A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que investiga o tráfico de armas, munições e explosivos no estado recebeu nesta segunda-feira, 09/08, o ex-cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Mauro Lopes de Figueiredo. Luiz Paulo (PSDB) participou da reunião que recolheu o depoimento do ex-cabo, que negou participação nos crimes de desvio de armas e munições para traficantes.
Sobre a acusação de desvio de 3.000 projéteis da Polícia Militar para o tráfico, Figueiredo acusou seu concunhado, Alceli Coelho da Silva, que não é policial, atualmente foragido, de fornecer o armamento aos bandidos. Existe a acusação de que o armamento tenha sido desviado para o traficante Paulo Victor Petronilho, o “Gago”, que atua no município de Itaboraí. Em ligações telefônicas feitas para “Gago”, interceptadas pelo poder público, Alceli cita diversas vezes o nome do ex-cabo. Em sua defesa, Figueiredo disse acreditar que Alceli falava por ele para conseguir os negócios “de forma mais fácil”.
O ex-cabo foi expulso do Bope em tempo recorde, porém, durante seu depoimento, Figueiredo afirmou que sua expulsão se deu não pela acusação de envolvimento com o tráfico, mas sim pela denúncia de uso ilegal de arma há dois anos. “Havia outro procedimento, por porte ilegal de armas, e esta teria sido a razão, segundo seu relato, para a expulsão”, informou Freixo, presidente da comissão. Para ele, esta acusação de associação ao tráfico de armas para venda acelerou o processo de expulsão. “Foi uma informação importante porque estávamos achando estranha a velocidade com que a expulsão tinha acontecido. É um outro procedimento, que envolve porte de arma ilegal, para, segundo ele, fazer segurança privada”, explicou.
Figueiredo, que há quase dez anos fazia parte da corporação, explicou aos parlamentares como é o controle do uso de armas e munições no batalhão: “Temos que dar conta de cada munição e arma retirada e do consumo do que foi gasto”, contou. Segundo ele, nas apreensões, as armas são entregues ao superior para que sejam levadas à delegacia, “onde são rastreadas”. Perguntado pelo relator da comissão, deputado Wagner Montes (PDT), como seria possível controlar o número de projéteis usados, de tiros dados em uma operação, o ex-cabo disse que todos fiscalizam o trabalho “uns dos outros”. “No Bope, as relações são baseadas na confiança”, alegou ele, que negou conhecer o traficante “Gago”.
Assista à matéria da TV Alerj sobre os desvios de armamentos da Polícia Militar