O esquema estruturado de corrupção na Petrobras foi em todas as áreas sem exceção: 3% em todas as áreas, sem exceção. E até agora está se desvendando as obras de construção e ampliação e até mesmo de aquisição, como o caso de Pasadena, de refinarias.
Mas há outras áreas com orçamentos gigantescos que ainda não foram vasculhadas, por exemplo: a Transpetro tem como uma base fundamental locar navios para transporte de óleo. Navios são locados de diversas bandeiras através de um profissional chamado broker. Esses brokers intermediam o navio junto à Petrobras, uma negociação muito rápida, sem cotejo, que propicia no meu entendimento, margens de ganhos irregulares fantásticas.
A Petrobras tem setores que constroem plataformas, que locam sondas, que locam plataformas, que contratam prospecção, enfim, existe um arsenal de contratos que não vieram à tona.
E descobriu-se agora que a solução para isso é ter uma diretoria de governança. Por que não se descobriu antes? E se descobrisse antes, ia ser dada para outra diretoria envolvida no mesmo esquema institucional que está de corrupção.
Então, só tem um jeito: é passar isso tudo a limpo, não deixar nada sem investigação. E esses procedimentos estão sendo muito bem conduzidos pelo Juiz Moro, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, porque está sendo seguido o dinheiro, para saber de onde originou e onde foi parar.
Então, me parece, ainda há muita coisa que virá à tona.
Agora queria abordar outra questão. Evidencia-se que pessoa jurídica não deve ser doadora de campanha. Espero que o Supremo Tribunal Federal muito rapidamente decida essa questão – já está em seis a um – que doação de campanha não pode ser por pessoa jurídica. Mas também achar que a corrupção na Petrobras só se deve à campanha é risível. Porque, veja bem, um assessor do diretor vai devolver cem milhões de dólares que estavam em suas contas. Ele não é político, ele não é candidato. O que tem a ver a campanha com isso? Isso é corrupção pela corrupção e esse era um assessor do diretor. Imaginem o tamanho desses rombos que estão nos cofres e nas contas do exterior dessas diretorias prostituídas. Então, essa reflexão também precisa ser feita.
Nesta semana eu assistia a GloboNews e lá estavam um membro do Conselho de Administração da Petrobras e um presidente de uma ONG de transparência. Esse membro do Conselho de Administração estava a dizer que esse Conselho se reunia e discutia três horas por mês. Isso era muito. Na verdade, o Conselho de Administração não era conselho de administração; era um conselho homologador das decisões da presidência e da diretoria. E dizia ele que o sistema de licitação na Petrobras é da seguinte forma: o diretor convida três empresas para que elas ofertem um preço e entre as três ele escolhe uma.
Mesmo na carta-convite a lei das licitações e contratos diz que, no mínimo, você tem que convidar três, mas nada impede que, como gestor, você decida internamente que deva convidar, por exemplo, nove. Se você convida só três, o conluio acontecerá.
Ora, deixar bilhões na mão de gestores para definir quem irá fazer “x”, “y” ou “z” por ato de vontade, só pode dar o que deu. Não é à toa que aquele ex-Presidente da Câmara Federal que perdeu o mandato, o Severino Cavalcanti, negociando com o Governo que está aí, do PT, afirmava que queria a diretoria de cavar poço e achar petróleo. Essa era a diretoria que ele queria.
Na verdade, como está a questão de gestão na Petrobras, qualquer diretoria vale mais do que qualquer preço de barril de petróleo por mais alto que ele esteja. Esperamos, isto é, toda a população brasileira, que a nossa República a partir dessas investigações seja refundada, porque república velha e república nova foram apenas rótulos da mesma república. Esperamos que a República seja refundada e a ética, a honra, a dignidade e o respeito à coisa pública possam ser as premissas básicas dos gestores.
Deputado Luiz Paulo