Luiz Paulo: ‘há um receio que o sistema não suporte essa sobrecarga desse traçado da Pavuna até a Barra; isso dá uma sobrecarga no transporte, com trens superlotados’
O governo do Rio de Janeiro não vai mais poder gastar os recursos do empréstimo de R$ 500 milhões, autorizado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), como bem entende. O dinheiro será destinado ao Programa de Integração e Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro (PMU), destinado à política tarifária integrada do Bilhete Único e ao incremento a prestação de serviços de transportes de massa mediante a expansão do Sistema Metroviário, com a implantação da Linha 4. Emenda do deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) colocou regras na destinação dos recursos, ou seja, do total, o governo terá que gastar 70% ou mais com a Linha 4 do Metrô e o restante com integração do Bilhete Único. O projeto inicial da Linha 4, que ligará os bairros de Ipanema e Barra da Tijuca, estava inicialmente orçado em cerca de R$ 5,6 bilhões.
– A Alerj autorizou o empréstimo que veio para subsidiar a tarifa do Bilhete Único intermunicipal e a Linha 4 do Metrô. Esse dinheiro não estava carimbado, ou seja, o governo poderia usar 400 milhões de euros para subsidiar tarifas e apenas 100 milhões de euros para a Linha 4, o que é totalmente insuficiente. Diante disso, achei que era um cheque em branco para o governo. E me pareceu factível que, no mínimo, 70% fossem para Linha 4, onde se garante o maior montante, até porque não sabemos até hoje quanto custará porque o projeto de engenharia não está concluído, o governo ainda está fazendo o estudo de demanda que ninguém conhece, não sabemos do embarque da Linha 4 na estação General Osório, não conhecemos o detalhamento da estação da Gávea, que terá que ter dois níveis, e nem sequer quantas estações intermediárias terão porque os estudos não foram feitos – disse, acrescentando que, pelo menos grande parte dos recursos já estão garantidos para a linha.
O parlamentar tucano, no entanto, lamenta que outra emenda sua tenha sido rejeitada pela Casa, que definia o traçado original da Linha 4, conforme foi licitado em 1997. Conforme explicou ao MONITOR MERCANTIL, o traçado original da Linha 4 saía da Barra da Tijuca, passava pelo Jardim Oceânico, atravessava os dois túneis até chegar a São Conrado, que teria uma estação nas proximidades da Rocinha. Depois, segundo ele, perfuraria o Túnel Dois Irmãos, onde teria outra estação na Gávea em dois níveis, seguia em direção a praça do Jóquei Clube (Praça Santos Dumont) e, dali, vem pela esquerda no sentido Jardim Botânico/Humaitá até chegar ao Humaitá, onde teria outra estação. E dali direto para a estação Botafogo.
– Esse é o traçado licitado, concedido, com contrato assinado em 1997. Quando dizem que o empréstimo vai para Linha 4, a Linha 4 deles (governo) é outra. Do Jardim Oceânico até a Gávea é o mesmo traçado. Mas da Gávea, ao invés deles fazerem à esquerda, sai à direita, em direção ao Leblon para se interligar com a Estação General Osório. Isto não é Linha 4. Pode ter qualquer número, menos a Linha 4. Essa emenda a base do governo não aceitou de jeito nenhum – disse, frisando que o Ministério Público já ajuizou uma ação há 15 dias para que a Linha 4 tenha o traçado original.
Ainda segundo ele “esse traçado atual não forma um sistema. Ele continua como se fosse uma mesma linha. Hoje há um receio real que o sistema não suporte essa sobrecarga desse traçado é uma linha contínua, que sai da Pavuna e vai até a Barra da Tijuca. Isso dá uma sobrecarga no transporte, com trens superlotados. Além disso, esse sistema não vai ter condições de baixar os intervalos para ter mais trens circulando, mesmo que coloque os intervalos de um em um minuto. Essa é a questão central”, comentou, acrescentando que o governo trabalha com o horizonte de 2016, quando ocorrerá os Jogos Olímpicos.
Fonte: Monitor Mercantil