Sra. presidente, deputada Tia Ju, em nome da qual presto minhas homenagens no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a todas as deputadas do parlamento fluminense e o meu respeito a todas as mulheres do Brasil e do mundo, principalmente, nesses momentos difíceis da guerra da Ucrânia e até mesmo pelos comportamentos anômalos de parlamentares se referindo às refugiadas.
O parlamentar Arthur do Val, lá de São Paulo, seguramente, deve ter o seu mandato cassado, em função das barbaridades que falou, em relação às refugiadas da guerra da Ucrânia.
Parlamento deve ter sempre participação na luta contra a discriminação das mulheres
Por fatos como esse é que a data de hoje precisa ser sempre mostrada na sua importância, porque a luta pelo respeito, pela dignidade e contra a discriminação que travam as mulheres brasileiras é importantíssima e o parlamento tem que ser sempre a expressão dessa luta.
Mas esse episódio na Ucrânia só nos mostra que temos muito pouco a comemorar, porque, se imaginarmos que um parlamentar de São Paulo que, em termos econômicos, é a maior unidade da federação, se propõe a ir para o front de batalha na Ucrânia no intuito, em tese de ajudar, mas, na verdade, para aparecer, ao fazer os comentários que fez em relação à fila das refugiadas da guerra da Ucrânia. Tem-se pouco a comemorar.
Na pandemia, as agressões às mulheres ampliaram-se
Se pegarmos nesse período pandêmico o que está publicado nos jornais, chegaremos à conclusão de que o número de estupros, de violência contra a mulher, é algo absolutamente inacreditável. Por isso, precisamos reafirmar que essa luta é fundamental e que o parlamento fluminense tem muitas deputadas que travam essa luta no seu cotidiano e não apenas uma vez por ano. É uma luta sempre viva. A Lei Maria da Penha nasceu, exatamente, também fruto dela.
É inaceitável a guerra contra a Ucrânia
Preciso abordar também a guerra da Ucrânia e classificá-la como inaceitável. Verifico que alguns segmentos majoritários da direita brasileira e outros segmentos da esquerda brasileira ou não se manifestam ou têm uma série de justificativas. Como se fosse justificável a invasão de um país por outro, num belicismo que provoca o triste número de um milhão e meio de refugiados: mães, avós e filhos, porque os homens ficaram na resistência. Que quadro profundo de tristeza! E ainda sem sabermos como é que isso se desenvolverá.
É hora de dizer basta!
Portanto, é hora de dizer não. De dizer basta. Exigir mesa de negociação. É preciso ter saída. E de nada adianta ficar falando que o país tal é um império, porque o mundo está dividido em três impérios: o americano, o russo e o chinês. É só ver o potencial econômico e bélico desses três países. Mas não é porque tem três impérios que se possa vitimar milhares e milhares de inocentes. Volto a dizer: um milhão e meio de refugiados. Olha que transtorno na vida dessas pessoas que construíram muitas vezes um pequeno patrimônio, uma casinha, a sua cultura local. E ter que abandonar tudo isso, porque o país foi invadido.
Cresce a desesperança
Vi na televisão uma senhora da Ucrânia que disse já ter sido desalojada de um outro estado que foi tomado pela Rússia para uma nova cidade. E agora foi desalojada para a Polônia. Realmente, ficamos sob uma situação de desesperança. Desesperança é um sentimento muito ruim. Devemos usar muito a racionalidade, mas estes tempos difíceis dificultam! O que vai acontecer com a economia mundial com o barril do petróleo acima de cento e vinte dólares? O rublo não vale mais um tostão. Milhares de empresas fecharam seus negócios. Isso vai ter enorme impacto, provocando um desarranjo na economia globalizada monstruoso. Estamos todos perplexos e isto é compreensível. Agora, é incompreensível que os parlamentos – este lugar aqui é lugar de fala, porque aqui é “parlamento”, do verbo parlar, falar – não se posicionem. Têm que se posicionar, porque guerra não se justifica. Vida não tem preço.