Desabafo
Deputado Luiz Paulo | Foto: Julia Passos / Alerj

Desabafo

por Luiz Paulo

Há um tema recorrente e que aqui neste plenário esteve presente com grande intensidade: aquele que os intelectuais, os filósofos dos tempos modernos denominam necropolítica.  Necropolítica é conceito que designa que quem escolhe quem deve viver e quem deve morrer é o Estado. O que vimos aqui hoje, exatamente, foi esse debate.

Necropolítica voltada para negros e pobres

Infelizmente, governos instalados no Brasil, com exceções de praxe, adotam políticas que podem ser intituladas de necropolíticas. O confronto entre forças policiais e, em tese, narcotraficantes e milicianos – muito mais os narcotraficantes e muito menos os milicianos – levam à morte de ambos os lados e muitas e muitas vezes daqueles que são objeto do próprio confronto. Quem morre do lado da polícia são os mais pobres, os de menor patente e aqueles que derivam das comunidades. De outro lado, quem é que morre do lado dos narcotraficantes e dos milicianos? Em geral, também os mais pobres, os que vêm das classes menos favorecidas e que se desviaram para o caminho do crime. E quem morre que não é narcotraficante, não é policial, não é miliciano? É a população civil mais pobre e negra. Esta é a verdade. E é a política da morte, associada fortemente à corrupção que também mata na área da saúde, distribuindo recursos que são essenciais para salvar vidas, encaminhando para o enriquecimento de alguns. E isto é crime hediondo. Como disse um ex-secretário, com razão, é um mar de lama – a lama que sufoca a vida.

O Estado, com a necropolítica, nega a vida aos mais pobres

Se contarmos da metade do mês de março até a metade de junho, e estamos no dia 25, já são mais de nove mil mortes, mais de cem mortes por dia. E, se contabilizarmos esses cem mortos por dia, quais são as faces dos que mais morrem? Serão certamente os mais pobres, os menos favorecidos, os moradores de periferia. Isso é a necropolítica. O Estado, ao negar condições de saúde, educação, moradia, saneamento, segurança, emprego e renda, autoriza que ampla gama de cidadãos fiquem sem direito à vida.

O Estado que nega a vida, é o Estado que idolatra a morte. E quero deixar aqui que, enquanto tiver mandato, estarei na defesa de um Estado de paz, de um Estado de vida e não de um Estado de morte.

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