Cresce a pandemia, vacinas chegarão, mas como está a logística?, por Luiz Paulo

Cresce a pandemia, vacinas chegarão, mas como está a logística?, por Luiz Paulo

Preocupa-me que, tanto o governador quanto o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, minimizam o crescimento galopante da pandemia no Estado do Rio de Janeiro. No entanto, precisam verificar como vão conter esse processo de crescimento exponencial, porque começa a pressão por leitos, a pressão por UTI. 

Agravamento da pandemia e abandono do controle e conscientização

O funcionamento das diferentes atividades está liberado, com regras de espaçamento, cuidados de higienização, que têm sido desrespeitados em eventos de todos os tipos. E não há fiscalização. Óbitos e contaminações crescem assustadoramente. Neste momento, cada um de nós, seguramente, tem familiar, amigo, pessoa próxima acometida de Covid-19. Aqui mesmo temos quatro deputados com Covid neste momento. 

Esse surto é triste e lamentável, porque os dirigentes realmente não estão preocupados com a nossa população. Se salvamos uma vida, já fazemos muito, porque não há nada mais importante na face da Terra do que a vida humana; esse é o maior dom que existe, o dom da vida. E as vidas estão sendo ceifadas por inação e falta de planejamento.

Respeito aos princípios universais da administração pública

Quando se estuda administração pública, sabe-se que Taylor e Fayol, nos idos de 1920, cunharam os princípios universais da administração pública – ou administração privada, também – e da famosa sigla POCCC – Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar. Qual é a logística? Qual o planejamento que existe para a vacina chegar aos usuários? Não existe! 

Campanhas permanentes de conscientização – dos riscos e da vacina

Montaram-se e desmontaram-se hospitais de campanha, com perdas de milhões de reais, fora o processo de corrupção. Houve liberação de funcionamento de atividades, de trabalho, diversão e lazer, mas não aconteceram, concomitantemente, campanhas de conscientização permanentes. Elas são importantíssimas para haver aderência às propostas de minimizar o impacto da pandemia Também é essencial haver campanhas permanentes de esclarecimento e conscientização para que a população possa, pelo seu livre arbítrio, aderir às medidas de solidariedade social e, de corpo e alma, aderir a todas as campanhas de vacinação para enfrentar epidemias e pandemias – vacinação de poliomielite, de sarampo, de catapora, coqueluche, gripe, pneumonia, não importa qual. A forma única de combater endemias e pandemias é a vacinação, e sem conscientização não se alcançará esse objetivo.

Brasil é país continental – a logística envolve estados e municípios

Insisto na necessidade de que a União rapidamente defina seu plano de logística. Quando tivermos vacinas, já reconhecidas e aprovadas pela Anvisa, e das mais variadas procedências, há que se ter logística de distribuição, de armazenamento em temperaturas baixas – de for da Pfizer, por exemplo, de temperaturas incrivelmente baixas. Essa logística precisa ser pensada antes, até porque o Brasil é país continental, e tudo precisa ser executado em parceria com estados e municípios. As vacinas têm que ser grátis para a população, têm que ser via SUS.

Iniciar a mobilização de prefeitos eleitos e reeleitos

É preciso mobilizar o enorme grupo de prefeitos que assume em 1º de janeiro – alguns reeleitos, outros não – e, antes mesmo de 1º de janeiro, passada essa eleição no próximo domingo, começar a organizar o futuro. É esperado por todos, da minha parte é um sonho, mas que, no primeiro trimestre de 2021, essa campanha de vacinação já esteja nas ruas. Claro, inicialmente, priorizando aqueles que são da área da saúde, idosos, os com comorbidades e depois a população como um todo. Para que isso se realize a logística tem que ser pensada agora. Temos pouquíssimo tempo. Já vivemos os últimos dias do mês de novembro.

A inação do governo federal e o risco para milhões de pessoas

Ver a inação do governo federal, mesmo tendo ministro da saúde anunciado como general de logística, me assusta. O plano de logística permanece oculto para a população brasileira. Sempre se espera que surjam soluções milagrosas. Mas há um ditado popular: “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Se nós planejarmos, tivermos comando, coordenação, controle, as coisas podem dar certo. Se fizermos na base do improviso, num país gigante e complexo como o nosso, não vai dar certo. Não se pode brincar nem improvisar, quando se lida   com a vida de milhões de pessoas.

Reforço, ao encerrar, campanha de vacinação é campanha de solidariedade social. O que precisa na pandemia é a organização dos poderes e solidariedade social.

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