“É primavera, símbolo, na astrologia, da entrada do sol no signo de Libra, regido pelo planeta Vênus – o signo das artes, beleza, harmonia, exteriorização. Também tem como representação duas balanças, que representam a justiça. Gera-se, assim, ambiente em que talvez haja esperança de um Rio de Janeiro mais justo. Precisamos de esperança neste momento dramático da vida de nossa nação, Estado e cidade.
Baseio esta análise, a partir daqui, no conceito de plutocracia corrupta, que reflete trabalho que citarei ao final. O conceito tem origem no grego: ploutos, que quer dizer “riqueza”; e kratos, “poder”. Afirmo que, no Estado do Rio de Janeiro, existe plutocracia corrupta, grande vício da democracia brasileira venal. É o poder da riqueza. Sistema político no qual o poder é exercido por grupos mais ricos e em benefício deles. Mas ser rico não quer dizer ser plutocrata. É necessária ligação poder-dinheiro, portanto, conluio com os eleitos. Um exemplo do que pode, mas não necessariamente leva a isso, é o financiamento de campanhas eleitorais. A vitória eleitoral dos que se submeteram às urnas, mas o fizeram já combinados com a riqueza, leva, que é do que tratamos aqui, a fazer mais dinheiro do seu dinheiro, ora lícito, ora ilícito. Tratamos aqui do ilícito.
Tudo começou na campanha
O pedido de impeachment é caso típico e real de plutocracia corrupta no caso do Rio de Janeiro. Inicia-se ainda antes da campanha eleitoral, conforme a delação premiada feito pelo Sr. Edson, que afirma ter o juiz aceitado mais de R$ 900 mil reais para deixar a função e candidatar-se. O acordo, segundo o delator, era trazer esses grupos para o poder e definir os rumos do nosso Estado. Ou seja, o eleito transfere decisões para terceiros, após o voto popular, com vistas ao lucro. Fato gravíssimo. Vivemos, hoje, num estado plutocrático de fato. Mas não fica só no Estado. É o que também acontece na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Não está em julgamento apenas um processo de corrupção, mas algo maior, que estremece o conceito de Estado Democrático de Direito.
Chega de vícios
Tenho esperança de que esta decisão possa ser início de mudança radical nos grandes vícios da venal democracia brasileira. Esperança de que se aumente a conscientização sobre o grave fato do governante eleito não ditar rumos do seu governo, seguindo compromissos da campanha explicitados aos eleitores. Segue, na verdade, os compromissos assumidos com os plutocratas, que visam ao enriquecimento ilícito do bando organizado para dilapidar o patrimônio público.
Queremos mudanças
É época de justiça, de mudança, de sairmos do inverno, do inferno da corrupção da plutocracia corrupta para alcançarmos outra estação mais favorável à nossa população: com menos desigualdade, melhores políticas públicas, menos disparidade de renda, de salário, de patrimônio.
Já não podemos mais suportar, sob hipótese alguma, governos claramente definidos como quadrilhas organizadas para dilapidar os recursos e destruir as políticas públicas que devem gerar justiça social, bem estar à população e acabar com a vergonhosa desigualdade. O que existe não é deslize comportamental de dirigente: é ação concertada entre empresários e políticos corruptos, para liquidar as esperanças e o futuro da população. Agrava-se isto pelo fato de vivermos período tão difícil de pandemia, queimadas, enchentes, fome e miséria. Tratamos de algo muito sério e de consequências muito duras para a população. E que, portanto, também precisa ter duras consequências para quem cometeu o ilícito.
Os já eleitos no Estado e na cidade do Rio de Janeiro acenaram com o manto da mudança. Na verdade, não tinham essa intenção e, sim, queriam assaltar os cofres públicos e apoderar-se dos recursos a que a população tinha direito para a prestação dos serviços.
Resistir é preciso
É dura realidade. Precisamos resistir e fazer com que essas quadrilhas sejam banidas da política e da gestão pública. Que a situação seja investigada a fundo, porque irão encontrar as mesmas coisas em muitos municípios de nosso Estado e em muitas outras unidades federativas do país.
É hora do basta e da resistência. Se queremos, de fato, um dia ter um Estado Democrático de Direito, sociedade justa e avançada, temos que varrer do país as quadrilhas aqui instaladas, que são responsáveis pelos crimes hediondos que vêm sendo cometidos. Precisamos expulsá-los de nosso convívio e libertar a população brasileira, fluminense e carioca.”
Texto citado: “Os dez piores vícios da venal democracia brasileira”, do Dr. Luiz Flávio Gomes, que foi promotor de Justiça, jurista, Juiz, Deputado Federal.
Parabéns Deputado por ter dado início a esse momento histórico e triste mas necessário para o nosso Estado.
Basta. Ninguém suporta mais tanta corrupção.