Há enormes erros na política de mobilidade urbana do governo do Estado do Rio de Janeiro. E chega convite do Palácio Guanabara para assistir o ato de instalação, em Itatiaia, da Land Rover e da Jaguar. Mais carro na rua subsidiado com incentivo fiscal.
Na contramão dessas decisões, vem a derrubada da Perimetral, os PACs de mobilidade que não saem do papel e o péssimo serviço que presta o transporte público na região metropolitana do nosso Estado.
E, ao mesmo tempo, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro acha que tudo será resolvido com BRTs e BRSs. Como qualquer pessoa, estudiosa ou não da área de transporte, sabe, não há como organizar uma região metropolitana sem priorizar de forma real, concreta e positiva o transporte sobre trilhos – trem e metrô – dando a devida atenção também ao transporte hidroviário, principalmente para um estado que dispõe de uma baía do tamanho da Guanabara e uma costa totalmente limítrofe ao nosso Oceano Atlântico.
No Rio de Janeiro, se pratica a política de imobilidade urbana, na contramão do mundo mais avançado. Não se vê, nem no curto nem no médio prazo, horizonte positivo para que esta situação seja alterada. Seria necessário que os governantes, tanto o governador como o prefeito do Rio, associados aos demais prefeitos da região metropolitana, sentassem a uma mesa e, despidos das vaidades pessoais e dos interesses menores da política, cumprissem a Lei nº 5192, de 15 de janeiro de 2008, que dispõe sobre a elaboração do Plano Diretor Metropolitano do Estado do Rio de Janeiro.
Esta lei, de minha autoria, há anos deveria ter sido regulamentada pelo governador, mas interesses menores e compromissos que não passam pela qualidade de vida da nossa população o têm impedido de fazê-lo. Falta-lhe, talvez, a condição de estadista e de líder real, que o faria entender os limites entre os municípios da região metropolitana como tênues, fictícios, não reais. São limites simplesmente para definir responsabilidades de cada município. Mas as ações precisam ser absolutamente coordenadas. E esse papel lhe caberia, assim como ao prefeito do Rio.
Essa história vem de longe: de 1975, quando da fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio. Quase quarenta anos depois, o governo do estado ainda não entendeu a importância de a região metropolitana ter um plano diretor.
Nele, um dos enfoques obrigatórios é a mobilidade; outro é sustentabilidade; outro ainda é segurança das pessoas, com suas potencialidades. Mas não para aí: e o uso do solo e a habitação? Mas não se entendeu que o planejamento urbano é essencial. Ou simplesmente não se sabe fazer ou, pior, não existe compromisso com a população fluminense e sua qualidade de vida. É lamentável e vergonhoso.