Quero discutir, nesta última sessão antes das eleições municipais do dia 15 de novembro, que o Brasil elegerá ou reelegerá mais de cinco mil prefeitos e milhares de vereadores. No Estado do Rio de Janeiro, 92 prefeitos estarão submetidos ao sufrágio, com a consequente renovação ou não das Câmaras de Vereadores.
A cautela na escolha do vereador
Destaco, inicialmente, que acompanho mais de perto o Rio de Janeiro, mas não abordarei o assunto pela ótica de candidatura nenhuma, porque não cabe dentro do parlamento. Quero alertar o eleitor que fique muito atento ao voto para vereador. Há candidaturas com fortes vínculos com o narcotráfico e com a milícia, ou de ambos conjugados, porque são faces da mesma moeda criminosa.
Estas eleições têm-se caracterizado exatamente pela violência e a falta de possibilidade, das mais diversas candidaturas, de transitarem nestas áreas dominadas pelo narcotráfico ou pela milícia, ou pelos dois. Por isso, faço este alerta. Por mais que esses bandidos queiram submeter as comunidades, elas, no sigilo do seu voto, terão oportunidade de, silenciosamente, votarem em quem quiserem.
O efeito Covid nas eleições
Vale refletir, também, sobre o fato de que é eleição, também, profundamente diferente, devido ao efeito da Covid. As campanhas de rua foram extremamente tímidas, com exceção das candidaturas majoritárias. Tiveram grande força a utilização da internet – WhatsApp, e-mail, Facebook, Instagram, lives, enfim, todas as formas possíveis – e campanhas boca a boca. Reuniões de corpo presente foram muito poucas, tendo em vista os riscos, que permanecem, da Covid.
Quero destacar a necessidade de contarmos, na Câmara de Vereadores da capital, com 51 bons vereadores. Esperamos que seja Câmara ampla, com a participação de muitos partidos, e que isso ocorra também nas 91 Câmaras de Vereadores de todos os municípios deste Rio de Janeiro.
O recrudescimento da Covid nos EEUU
Um segundo ponto que gostaria de abordar, é que a Covid-19, nos Estados Unidos, está com uma segunda onda violentíssima, absolutamente inacreditável. Um dos motivos, entre tantos, é haver um presidente da república negacionista, mas que perdeu as eleições. Lá, por funcionar um sistema de bipartidarismo, o Partido Democrata teve a habilidade de aliar muitas forças políticas para que, juntos, pudessem combater esse negacionismo. O resultado está aí sendo demonstrado, exatamente nessa segunda onda fortíssima de Covid nos Estados Unidos.
Os dados não divulgados ou truncados no Brasil e as eleições
Estou falando de lá, porque aqui, nos últimos dias, o sistema de informação de óbitos e contaminados do Sistema Único de Saúde – SUS, que está organizado pelo pool de imprensa, também falhou. As informações chegam todas truncadas ou não chegam. Isso pode ser fruto de mera desorganização, mas também pode ser fruto da eleição de domingo. Começam na rede postagens de pessoas dizendo que o número de contaminados tem aumentado e que os hospitais começam a ficar sobrecarregados. Deixar de dar essas informações diárias é muito ruim.
Não poderíamos deixar a eleição para o outro ano, porque aí os mandatos teriam que ser renovados, mas defendi que fosse feita nos últimos dias de dezembro. Lembro-me de que, na oportunidade, muitos políticos me criticaram duramente, alegando que o processo democrático tinha que continuar. Não falava nada contra o processo democrático, estava a favor dele e da população.
Necessidade de retomar campanha pelo uso de máscara
Enfim, estamos a dois dias e meio das eleições. Neste momento, com números tão defasados, temos que insistir em duas questões. A primeira e vital: campanha maciça para usar máscara. O uso de máscara tem sido relaxado. Tenho visto muitas pessoas, tanto em ambientes fechados quanto transitando pelas ruas, sem máscara. É necessário e fundamental retomar amplamente a informação de que esta é a forma eficaz de diminuir a contaminação.
União em torno da vacina seja qual for a origem
A segunda questão: todos, sem exceção, estarem unidos, dando a maior força possível em busca de vacinas – vacinas, no plural –, seja americana, seja inglesa, seja russa, seja chinesa.
Se está comprovada cientificamente, pelos entes reguladores, mais de 90% de eficácia, não importa a origem, é vacina para salvar vidas humanas. Se pudesse, tomaria as quatro: a da Pfizer, que é americana; a inglesa, de Oxford; a russa, Sputnik; e a Coronavac – são as quatro que conheço. Quanto mais cedo isso vier, será a única forma de minorar a gravidade do problema que vivemos.