Há 25 dias para a abertura da Copa do Mundo, o deputado Luiz Paulo (PSDB) comparou a organização da FIFA para a realização do torneio no Brasil como a atuação das milícias nos subúrbios do Rio de Janeiro. “Acho uma ilação perigosa, porém justa. Ela tem o controle territorial e a soberania do nosso País não é vigente. É triste, mas é verdade”, afirma o parlamentar.
De acordo com a Lei Geral da Copa, no raio de um quilômetro no entorno do Maracanã é “assegurado à Fifa e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos locais oficiais de competições, nas suas imediações e principais vias de acesso”. Apenas a partir de duas horas antes até duas horas depois dos jogos que será proibido a venda de bebidas alcoólicas em dez ruas próximas ao Maracanã.
Até mesmo tradicionais festas populares para exibição de jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo ganharam uma regra especial. A Fifa notificou o Alzirão quando soube que o reduto de torcedores na Tijuca batizou sua festa de transmissão dos jogos de “Alzirão Copa 2014”, alegando ter a propriedade do termo “Copa 2014”. O custo para transmitir a festa pode chegar a R$ 28 mil.
Faturamento recorde
O deputado afirma que a realização do torneio foi lucrativa apenas para a FIFA e para empreiteiras que construíram estádios milionários. “A Copa do Mundo de 2014 rendeu à FIFA o maior faturamento de sua história”, comenta Luiz Paulo, referindo-se ao balanço financeiro da entidade que aponta o faturamento de R$ 3,2 bilhão, em 2013, um crescimento de 7,4% em relação ao recorde anterior, em 2010, na Copa da África do Sul.
Só com marketing e venda dos direitos de transmissão, a Copa de 2014 rendeu à organizadora aproximadamente R$ 2,3 bilhões. “A FIFA é isenta de pagar R$ 1 bilhão em impostos ao Governo e já tem mais de 900 contratos comerciais fechados, onde deverá ganhar no mínimo R$ 8,8 bilhões com o torneio”, diz o parlamentar. A edição de 2006, na Alemanha, gerou R$ 4,4 bilhões à FIFA, metade da receita conseguida no Brasil, e aproximadamente R$ 7 bilhões na competição da África do Sul.
Legado incompleto
Reportagem do jornal Folha de São Paulo, no dia 13 de maio, revelou que a 30 dias para a abertura do torneio, o país havia concluído menos da metade daquilo que se comprometeu a fazer para o Mundial. Das 167 intervenções anunciadas, apenas 68 estavam prontas, 88 serão concluídas apenas depois da Copa e 11 foram abandonas e não sairão do papel. “O próprio Itaquerão estará incompleto para o dia 12 de junho, quando o Brasil vai fazer a partida de abertura”, ressalta o líder do PSDB na Alerj.
No Rio, estão concluídas a reforma do Maracanã, a reurbanização do entorno e ligação com a Quinta da Boa Vista e a recuperação de pistas e pátios do Aeroporto Tom Jobim. Serão concluídos após o torneio o BRT Transcarioca, a reforma dos terminais 1 e 2 do Aeroporto e a modernização da estação de Mangueira. Já a implantação de píers no terminal marítimo não sairá do papel. “A população está triste nas ruas e lamenta a Copa do Mundo com os movimentos “Fora, Copa!. Há um sentimento de que a Copa se tornou algo profundamente negativo pela falta de planejamento, obras superfaturadas, por governos arrogantes e prepotentes que ficaram submissos às suas majestades, que são os príncipes que dirigem a Fifa.”, finaliza Luiz Paulo.
Confira a participação do deputado Luiz Paulo no programa Alerj Entrevista especial sobre o tema:
Bloco 1
Bloco 2