Ao longo da semana, venho comentando o que tem sido o programa, o projeto e as pseudorrealizações do Governo Sérgio Cabral na área dos transportes, na área da mobilidade urbana.
Quando se anunciou que o Brasil sediaria a Copa do Mundo e as Olimpíadas, ainda na primeira gestão do Governador Cabral, aquilo foi motivo de grandes comemorações. Até parlamentares fluminenses estiveram no evento internacional, shows nas praias, todo mundo a vibrar: o Brasil vai sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016.
Ato contínuo, começaram a dizer que nós iríamos ter um grande legado, mas esqueceram, de explicar ao povo o que era legado. Legado são políticas públicas, realizações realmente de interesse coletivo, que ficam para a posteridade. É isso que é legado.
Então, vamos verificar qual será o legado que o Estado do Rio de Janeiro deixará em relação à Copa do Mundo, que terá início no mês de junho de 2014. O Maracanã era um estádio que existia. Chamava-se o “gigante do Maracanã”. Lá cabiam mais de 100 mil expectadores. Estava num estado de conservação de razoável para bom. Qual é o legado que fica? Destruiu-se esse estádio e lá se erigiu outro, padrão Fifa, onde cabem, no máximo, 70 mil pessoas, e gastou-se dos cofres públicos mais de um bilhão de reais. Cadê o legado? Legado zero para o povo, mas, seguramente, um bom legado para quem construiu o estádio, para as empresas, que não são poucas, que vão operar a Copa do Mundo, especialmente aqui no Rio de Janeiro, e principalmente um excelente legado para a Fifa, que vai ganhar rios de dinheiro.
Então, da Copa do Mundo, não haverá legado para o Estado; haverá prejuízo para a população fluminense. Não teremos nada que nos orgulhe, a não ser, a possibilidade que haveria, em qualquer lugar do mundo, de vencermos a Copa. Então, a tristeza da população sobre a Copa do Mundo é que todos foram enganados, e ainda temos que aguentar a publicidade de uma cervejaria que sempre nos alerta: “Imagina na Copa”. Nós estamos sempre imaginando na Copa o pior: cada vez mais congestionamento, cada vez mais transporte público de pouca qualidade, cada vez mais atenção deficiente à saúde e cada vez mais uma educação que não dá resposta positiva aos anseios de desenvolvimento do nosso povo.
Agora, a esperança é o legado para as Olimpíadas de 2016. Novamente, já se avizinha que vai ser um legado não para a população do Estado do Rio de Janeiro, mas, simplesmente, para todos aqueles que vão operar e construir as instalações das Olimpíadas. No ano que passou, de 2013, havia, na área de saneamento básico – água e esgoto – um programa chamado PAC Saneamento, isto é, PAC água e esgoto, de R$955 milhões, dos quais R$327 milhões seriam transferência de recursos da União.
Destes 955 milhões, o Governo do Estado só conseguiu realizar menos que 15% e, com as transferências da União, isto é, na contrapartida do PAC da União, não atingiu 5%. De R$955 milhões, não conseguiram realizar mais do que R$120 milhões; uma incapacidade de gestão total e absoluta numa área fundamental, que é o saneamento básico. Isso tudo na época, da nova Cedae, que de nova só tem o nome.
Eu me lembro que o Presidente da Cedae, engenheiro Wagner Victer, uma vez, aqui na Assembleia, disse que a Cedae, na gestão dele com o Cabral, seria a nossa Petrobras da água e do esgoto. Se for no mesmo caminho, quebram as duas, porque nós temos um atraso na área do saneamento básico. É inacreditável que nós tenhamos esse sistema de água e esgoto deixando a desejar, como ainda deixa, e sempre a culpa é do passado. Também o Wagner Victer, como o Secretário Julio Lopes, afirma que as coisas estão assim, porque os governos anteriores não fizeram o que deveriam fazer. Passados sete anos de gestão, não apenas um mandato, não, são sete, e a nova Cedae, de novo, só tem o adjetivo desqualificativo, porque continua com as práticas antigas. E neste verão escaldante, mais uma vez, quero lembrar a marchinha de carnaval de 1951, que dizia que de dia falta água e de noite falta luz.
O Governo não pode ser tão incompetente de ter um programa de saneamento básico de água e esgoto de 955 milhões e só conseguir executar menos de R$ 120 milhões. É muita incompetência junta! E tanta incompetência talvez seja para mostrar que a Cedae, enquanto instituição, é inviável, porque inviável mesmo é a gestão praticada no comando da mesma.