Com o projeto de revitalização da região portuária, a Prefeitura promete melhorias de mobilidade e infraestrutura no local, incluindo revitalização das moradias já existentes na região e a criação de novos blocos habitacionais. Apesar das promessas, as reclamações que partem de moradores e de especialistas em planejamento urbano apontam para a preferência por construções de complexos empresariais. Se isso se concretizar, a região portuária será uma extensão da rotina do Centro da cidade, movimentada apenas em horário comercial, reservando para o período noturno e os fins de semana apenas o abandono. A escolha por esses complexos, cujo retorno financeiro é mais atraente, vai de encontro com o próprio conceito de revitalização e põe em xeque o projeto da Prefeitura.
Agora, além dos especialistas e dos moradores, quem também se posiciona de maneira contrária às medidas do governo são alguns parlamentares. O deputado estadual Luiz Paulo, líder do PSDB na Alerj aponta para a fragilidade do projeto em incentivos habitacionais, e que o foco é, de fato, construções comerciais. O deputado ainda ressalta que a manutenção do projeto vai repelir o restante da população.
A questão das construções do projeto imobiliário do Porto está débil no sentido de importar moradias. É um projeto frágil no tocante de implantação de projetos residenciais, mas forte em empreendimentos comerciais. O que está faltando naquele projeto é habitação. Se você andar na rua à noite em local só com empreendimento comercial vai ver que é uma área deserta, de passeios estreitos, o que não é convidativo para a frequência popular. A única forma de humanizar aquilo é com políticas habitacionais, explica Luiz Paulo.
O deputado ainda ressalta os impactos negativos no trânsito da região. Empreendimentos são fortes geradores de tráfego e se continuar nessa batida, estará incentivando a saturação do entorno, com uma via binária de duas faixas, com passeio estreitíssimo e rampas descendentes.
O ex-prefeito e atual vereador pelo DEM, Cesar Maia, concorda com o deputado Luiz Paulo e explica de que forma o trânsito será afetado. Para ele, além de não contribuir para a revitalização da região, transformar a área portuária em um complexo empresarial resultará no intenso deslocamento da população que trabalhará na região. Com um bairro de escritórios, se amplia os deslocamentos radiais para lá. Ou seja, o trânsito se torna ainda mais caótico, explica.
O vereador ainda afirma que o projeto com base residencial já existe há mais de 20 anos, e visava a qualificação dos bairros da região. Porém, o foco foi alterado e que agora a Prefeitura está tomando as medidas exatas para transformar o Porto no que ele classificou como bairro de escritórios.
Luiz Paulo cobra responsabilidade do prefeito, além de uma postura que favoreça a população, ao invés de interesses econômicos. ”O prefeito tem que ter autoridade para definir isso. Ele tem que aumentar as vantagens para empreendimentos residenciais e penalizar os comerciais”, exige.
A Prefeitura criou, no mês passado, um projeto de lei para estimular a construção de imóveis residenciais na região portuária do Rio. A prefeitura pretende incentivar a construção de imóveis residenciais na região que compreende os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo.
De acordo com o prefeito Eduardo Paes, o objetivo seria garantir a permanência dos moradores atuais da área e incentivar a vinda de novos residentes. A prefeitura anunciou a construção de, pelo menos, 2.200 imóveis do programa Minha casa Minha Vida.
O prefeito também teria afirmado que metade da área do Porto estaria voltada para construção de habitações. Apesar disso, moradores e especialistas seguem reclamando que a prioridade está sendo dos empreendimentos voltados para complexos comerciais, questionando e colocando em dúvida a real revitalização do entorno da região portuária.
Fonte: http://www.jb.com.br