Deputados estaduais de diferentes partidos se uniram e criaram um grupo para infernizar a vida do governador Sérgio Cabral (PMDB) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e fortalecer a oposição a ele. Nesta quinta-feira, dia de volta do recesso, o grupo fez o primeiro encontro para criar uma estratégia.
Ficou estabelecido que, a partir de agora, cada um dos parlamentares opositores que subirem à Tribuna vai atacar uma mesma deficiência do governo Cabral. Haverá uma tema a cada dia. Eles vão se reunir semanalmente para articular as medidas a serem tomadas nos dias seguintes com o objetivo de fazer cobranças ao peemedebista. O grupo vai ainda passar a apresentar uma pauta comum ao presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB).
– Apesar de sermos de partidos diferentes, termos divergências, temos uma pauta em comum: nos une a opinião de que este governo está sendo ruim para a população. Vamos trabalhar para termos uma pauta em consonância com as ruas – disse o deputado Luiz Paulo (PSDB), um dos deputados do grupo.
Na reunião desta quinta-feira, compareceram cerca de dez parlamentares, mas a expectativa da oposição é que chegue a pelo menos quinze. Há, entre os integrantes do grupo, deputados do PSOL, PSDB, PPS, PR e PSD.
Os opositores trabalham ainda para cooptar parlamentares da base que são dissidentes.
As manifestações e a queda de popularidade do governador deram fôlego à oposição, que corre atrás de assinaturas para a instalação de pelo menos sete CPIs que afetam o governo. Buscando enterrar as comissões, Cabral trabalhou, antes da volta do recesso, para unificar sua base na assembleia: chamou deputados do PT para conversar e articulou para que o deputado Domingos Brazão (PMDB) assuma a liderança do partido na Casa e presida a Comissão de Constituição e Justiça. Apesar de ser do mesmo partido do governador, Brazão liderava um grupo de 12 deputados que agia contra as indicações do governo.
Cabral continua trabalhando para dificultar a instalação de CPIs na Alerj. O deputado Luiz Paulo, que coordena o PSDB na Casa, afirmou que, numa reunião de líderes em meados de julho, Paulo Melo trouxe a sugestão de que, a partir de agora, quando houver as 24 assinaturas necessárias para criar uma comissão, os deputados terão dez dias para confirmar que concordaram com a instalação da CPI ou retirar as assinaturas. Atualmente, não existe este prazo.
Em meio à crise, o governador cogita deixar o cargo em abril de 2014, abrindo caminho para o vice-governador Luiz Fernando Pezão, provável candidato à sucessão no Palácio Guanabara. Na avaliação de alguns aliados e opositores, Cabral pode sair ainda este ano, dependendo de sua popularidade. Segundo eles, o peemedebista justificaria a saída antes do prazo de desincompatibilização afirmando que quer se dedicar a três candidaturas: a sua ao Senado, a de seu filho Marco Antonio Cabral à Câmara e a de Pezão.
Fonte: O Globo (02/08/2013)