O deputado Luiz Paulo discursou na tarde de hoje (12) sobre o acidente na Av. Brasil que parou o Rio. E questionou como a cidade fará com a derrubada da Perimetral. Se um acidente para a cidade, como as obras de derrubada e construção do túnel binário não afetarão o fluxo?
“Ontem, no final da tarde e no início da noite, a cidade do Rio de Janeiro parou. E aí vem aquele refrão: parou por quê? Porque um caminhão quebrou no trecho crítico da avenida Brasil. E, como a avenida Brasil é uma das principais artérias da Cidade e tendo em visto a morosidade da Prefeitura em desfazer o sinistro, por vasos comunicantes, todo o sistema viário da Cidade, da Tijuca às entradas para Zona Sul, ficou totalmente paralisado.
Eu queria puxar a imaginação daqueles que conseguem visualizar o projeto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Na avenida Brasil está sendo licitado o projeto da Transbrasil, o BRT, que virá pelo eixo da avenida Brasil, ocupando nada mais nada menos que as duas faixas seletivas. Mas não só,, as duas faixas seletivas, uma a mais para cada lado. A Transbrasil terá duas faixas por sentido. Por via de consequência, a avenida Brasil ficará mais estreita para a circulação de veículos de passeio.
A avenida Rodrigues Alves perderá a capacidade, com a demolição do elevado da Perimetral. E, pasmem V. Exas., a bucólica avenida 1º de Março, que tem passeios de pedestre de 40cm, prédios históricos tombados, como centros culturais e até a própria Assembleia Legislativa, será transformada numa via mudando o sentido, ou tendo mão dupla, para chegar o BRT da Transoeste, que derivará pela Presidente Vargas, entrando aqui na avenida 1º de Março.
A Avenida Rio Branco tem o seu fechamento previsto para a região da Cinelândia, na altura da rua Santa Luzia, no Theatro Municipal. Associado a isso, a indústria automobilística vem emplacando, aqui na Cidade do Rio de Janeiro, 20 mil veículos por mês. Em quatro anos, que é o prazo de implantação desse projeto, mais um milhão de veículos estarão transitando.
Então, o fenômeno que aconteceu ontem passará a ser o cotidiano do Rio de Janeiro, porque não se tem política em relação aos carros de passeio, e sim o incentivo à aquisição dos carros de passeio, ao transporte individual (via isenção de IPI), conclamando que cada vez mais o cidadão que adquira o seu veículo e faça as suas viagens através do carro de passeio; concomitantemente, vão diminuir o espaço viário. Aí, Sr. Presidente, me assusta saber que a Secretaria de Transporte do Estado não tem Secretário de Transporte; tem um cidadão que eventualmente ocupa a pasta, mas que não exerce essa função porque não tem nenhuma integração com os municípios da região metropolitana, tanto é que até hoje não vi nenhum BRT que vá ligar o BRT da Brasil, o Transbrasil, com a BR-106, a Rio – São Paulo, que demanda a Baixada, nem com a 040, que é a Rio – Petrópolis, que corta integralmente o Município de Duque de Caxias. É como se os sistemas não se falassem. Parece que ele é o Secretário de Transporte da Zâmbia e o Secretário de Transporte do Município o é de outra cidade de outro país. Depois, em campanha, estão todos juntos dizendo que está todo mundo unido. Na prática, está todo mundo desunido.
Este alerta sobre o caos no sistema de transporte metropolitano eu o farei todos os meses durante longos e longos anos, assinalando que cada dia será pior. V. Exas. hão de verificar que, assim que começar a demolição da avenida Perimetral, o caos será muito maior ainda, prejudicando todo o acesso à avenida Brasil, à Linha Vermelha e à Ponte Rio – Niterói, sobrecarregando, o sistema de Barcas, que não está preparado para receber acréscimo de demanda, eis que os dias atuais têm sempre uma barca quebrada ou à deriva.
Então, volto a insistir: para que a região metropolitana funcione a contento, tem que se dar prioridade absoluta ao seu maior eixo estruturador (são mais de 200 quilômetros de trilhos que cortam a Região Metropolitana), transformando esses trens em metrô de superfície, com infraestrutura permanente de qualidade, com um sistema de sinalização eficiente, com plataformas compatíveis e fechadas, com os trens modernos que precisam ser adquiridos em maior volume, para que esse sistema estruturador tenha conforto, segurança e pontualidade. E ampliar o sistema metroviário, promover as integrações de sistemas menores com os sistemas maiores.
Por isso, volto a realçar que o transporte público na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro é um dos mais precários e a Secretaria de Transportes do Estado é uma das mais ineficientes que existe e já existiu em todos os tempos no Estado do Rio de Janeiro.”