Em discurso na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB) relembrou momentos históricos da política brasileira. O dia 24 de agosto é histórico para o Brasil, pois foi nele, no ano de 1954, que morreu o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas. Naquele momento ele foi pressionado por generais, almirantes e brigadeiros para renunciar ao cargo.
“No dia 24 de agosto de 1954, morreu Getúlio Dorneles Vargas – foi o famoso suicídio do Catete –, grande figura histórica do nosso País, aquele que chegou a ser chamado de ‘pai dos pobres’. Grande parte da política de reconhecimentos dos direitos trabalhistas se deve a ele. Como político, Vargas teve dois grandes momentos: um, terrível, quando andou pelas sombras da ditadura e outro de Presidente eleito e corajoso.
Assim como Jânio Quadros, que, quando concorreu contra o Marechal Lott, representava a vassoura que ia fazer a faxina na política brasileira, pelejou contra a espada do Marechal Lott e ganhou a eleição com larga margem de vantagem. Naquela época, vinha pela legenda da UDN, derrotou o PTB e depois teve a tentativa, que alguns dizem, de golpe, etc., as forças opressoras que o comprimiam e teve a sua renúncia.
Depois houve um segundo momento de Jânio Quadros, quando ele foi prefeito de São Paulo. Foi um episódio triste em sua vida, porque ele não representou lá nem a vassoura e nem a faxina; representou movimentos exatamente opostos a esses, isso lembrando 24.
Mas em 25 de agosto de 1961, há 50 anos, houve outro momento épico da nossa História, que o Deputado Janio jamais há de esquecer, que é a luta pela legalidade, no Rio Grande do Sul, que teve à frente Leonel de Moura Brizola e a sua Campanha da Legalidade”, relembrou Luiz Paulo.
As palavras do parlamentar não remeteram somente ao passado, como também trouxeram lições para ser aplicadas no futuro, mais precisamente nas próximas eleições municipais que acontecerão em 2012.
“24 e 25 de agosto são datas muito simbólicas, mas estou colocando essa questão, porque estamos praticamente a um ano e três meses de mudanças nas mais de cinco mil prefeituras do nosso País.
O jornal O Globo, no Caderno ‘Opinião’, apresentou uma matéria sobre as eleições municipais e sobre as políticas públicas tão importantes e necessárias para se ser bom prefeito, ligada à sustentabilidade e também a questões comportamentais.
Tenta ali o jornal mostrar que devemos descobrir novos caminhos para viabilizar positivamente os municípios. Acho que é uma leitura imperdível, na medida em que é um artigo bastante curto.
Estou dizendo isso, porque não dá para pensar política, hoje, sem pensar em dois atributos, porque até algumas décadas não eram realçados por fazerem parte de todo cidadão, mas que hoje precisam ser realçados. Para alguém entrar na política precisa ser honesto e ter caráter, senão, tudo o mais não vale nada. O que adianta ser um campeão de votos, o que adianta ser um grande gestor se não for honesto e não tiver caráter?
Estou colocando essas questões para que possamos conduzir as discussões para o caminho certo. Conhecemos de perto ou de notícia os 92 municípios do nosso Estado, tirando o município da Capital e alguns municípios que intitulamos “petroleiros”, nenhum outro município tem situação econômica financeira boa. A capacidade de investimento é quase nula, algo que nunca ultrapassa a ordem de 5 ou 6% das receitas daquele município.
Como se resolve esse impasse, se de outro lado existe uma máxima na política que todos têm que obter a governabilidade? Como se ter governabilidade fosse fazer pactos os mais espúrios possíveis com as bancadas. Como se não pudesse haver um pacto de governabilidade em relação a um projeto de políticas públicas. O que adianta ser um prefeito rendido a pactos espúrios? É melhor cair de pé do que promover uma rendição.
Esse é um grande momento de mudança, de cobrar dos candidatos a prefeito que eles, de público, assumam: ‘Se eleito, não farei nenhum acordo de governabilidade que passe por acordos desonestos e, se me for feita qualquer dessas propostas, virei a público denunciá-las’. Assim começaremos a mudar a política, caso contrário, nada se muda.
Mas tem que ser um princípio que norteie as candidaturas, para que o eleitor, de forma consciente, possa fazer suas escolhas. Pacto espúrio não! Desonestidade não! Se não, não se começa a mudar o Brasil. O que mais a sociedade brasileira quer hoje é essa mudança comportamental, e mudar comportamentos é difícil.
Estou lançando uma plataforma para que as federações de indústria e comércio tenham suas corregedorias para cassar empresário que corrompa, porque para haver corrupção tem que haver corrupto e corruptor. As duas pontas têm que agir ou o discurso fica esquizofrênico parecendo ter um lado só, e não tem”, discursou Luiz Paulo.