O deputado Luiz Paulo ao usar a palavra no Plenário criticou o desabastecimento de água na tarde de ontem que perdura até o dia de hoje.
“Desde ontem a notícia mais presente nos meios de comunicação e que afeta diretamente a vida da população é a falta de água na Cidade do Rio de Janeiro. Nos últimos dias de fevereiro, quando as chuvas estão escassas, a sensação térmica nos logradouros públicos chega a 45ºC e a 40º/42ºC em ambientes fechados não refrigerados, como nas residências – um calor abrasante. Grande parte da região metropolitana carece de abastecimento de água. Segundo anunciou o presidente da Cedae, Wagner Victer, tal situação deve se estender pelo menos até amanhã, isso sem contar as faltas de água que vêm ocorrendo antes mesmo dessa crise das últimas 72horas.
O Sr. Wagner Victer acusou em todos os veículos de comunicação a tradicional incompetência da Light, que teria dado quatro picos de fornecimento de energia na Região do Ladeirão, que faz parte do subsistema do Guandu, onde estão instaladas as grandes bombas de recalque e, com isso, o sistema caiu. Para que essas bombas voltem a funcionar em plena capacidade, levará esse período até quarta-feira.
Alega a Light que a responsabilidade é da Cedae. E alega a Cedae que a responsabilidade é da Light pelos apagões e picos de fornecimento de energia que, inclusive, irá formalizar essa denúncia novamente à Agência Reguladora, visto o grande prejuízo que dá à imagem da empresa Cedae e à própria economia dos consumidores.”
Ele salienta que não é a primeira vez que isso acontece, mas certamente deveria ser a última. E quem perde é o consumidor pois paga duas vezes, na conta de água e quando precisa comprar um carro pipa.
“Na briga entre mar e rochedo, isto é, entre Cedae e Light, quem paga a conta e não tem o fornecimento de água e de energia é o consumidor, que paga alto quer seja pela energia, quer seja pela água.
Não é possível que isso aconteça sistematicamente sem que haja uma solução de engenharia dentro das viabilidades econômicas que venham a minorar tais contradições. Não sei se a Light, colocando uma forte subestação na região do Guandu, poderá ter alimentação por dois sistemas de distribuição diferentes, mas há que se ter alguma ideia criativa para que não fique esse jogo de empurra, e a culpa, a desgraça e o prejuízo recaiam nos ombros do consumidor.
Porque o consumidor, além de pagar contas imensas de energia e água, na escassez da água enche os bolsos dos senhores proprietários dos carros-pipa, que é outra máfia que assola nossa Região Metropolitana.
Diga-se de passagem, onde o carro-pipa compra água? Na Cedae. E o consumidor paga duas vezes, pela água que tem e pela que não tem. Porque o dono do carro-pipa nada mais é que um intermediário que pega água na Cedae e cobra por um carro-pipa talvez de 10.000 litros, uns 200 reais. E pior ainda: ninguém mede o quanto tem dentro do carro-pipa. O consumidor ainda poderá pagar esse dinheiro e ao invés de comprar 10.000 litros d’água estará comprando na realidade 7.500 litros d’água, pois ninguém faz a medição.
Aí se estendeu outra máfia de intermediação, no meu entendimento, porque quem deveria nos casos críticos fornecer graciosamente a água nesses carros-pipas era a própria Cedae.
Volto a dizer, no fundo, quem está sempre penalizado duplamente é o consumidor. E olha que estamos no século XXI às vésperas dos jogos da Copa do Mundo, da Copa das Confederações, da Jornada Mundial da Juventude, e a três anos das Olimpíadas. E a questão mais primária que existe não está resolvida.
Recebo aqui a informação,eu falei aqui que pode ser, estimei – de que um carro-pipa de dez mil litros pudesse custar R$ 200,00. A correção é a seguinte: um carro-pipa com 20 mil litros, dependendo do local e da pressa varia de R$ 650,00 até R$ 1.200,00. Há condomínios que já estão, antes mesmo dessa crise, endividados até a raiz do cabelo, principalmente condomínios e residências nas regiões da Cedae que são chamadas ponta de linha. Agora com a crise quem está na ponta, então, está prejudicado de vez.
É necessário que essa questão possa de fato ter uma solução para o nosso Estado e para a nossa Região Metropolitana, porque este não é um assunto, Deputado Comte Bittencourt, da nova Cedae, isso acontece desde os tempos da velha Cedae, porque senão fica parecendo que mudou só o rótulo de velho para novo, mas os dramas vividos pela população são exatamente os mesmos até aquele drama tradicional que se paga pela coleta, destino final e tratamento do esgoto sem haver esse serviço prestado em algumas áreas bastante populosas da nossa Região Metropolitana.
Então, quero chamar a atenção mais uma vez para esta questão, voltando a dizer, briga a Cedae e a Light, ganha a máfia dos carros-pipas e perdem todos os consumidores.”