Em discurso na tarde de hoje, no plenário, o deputado Luiz Paulo comentou os últimos acontecimentos no julgamento do maior escândalo político do Brasil, o Mensalão.
“(…) Do primeiro núcleo do mensalão, já estão todos devidamente condenados. Falta o tamanho da pena. Agora, começou o julgamento, no dia de ontem, do núcleo financeiro. Tanto o relator quanto o revisor – Ministros Joaquim Barbosa e Lewandowski – também já deram seus vereditos de condenação do núcleo fraudulento, por gestão fraudulenta. Ainda há possibilidade de se ter também lavagem de dinheiro. A conclusão é que os empréstimos que o Banco Rural fez à empresa do Marcos Valério e ao Partido dos Trabalhadores foram empréstimos simulados.
O julgamento continua. Não quero me antecipar às decisões do Ministro, até porque não tenho bola de cristal, mas todos os indicadores mostram que raríssimos serão aqueles que deixarão de ser condenados. E, no final, Sr. Presidente, principalmente com esse simulacro de operação entre um banco, uma agência de publicidade e o Partido dos Trabalhadores, a conclusão vai ser mais ou menos óbvia: que falta um réu no processo do mensalão. Vamos dar mais um tempinho e todos vão concluir: falta um réu.
Feita essa observação, vamos continuar vendo na televisão, quando se pode, ou lendo nos jornais, as súmulas das decisões do Supremo em relação ao maior escândalo de corrupção que já teve essa República – pelo menos escândalo descoberto, porque os que não foram descobertos, infelizmente não podem ser punidos -, o maior escândalo descoberto nessa República, patrocinado pelo Partido dos Trabalhadores. Isso não quer dizer, Sr. Presidente, que outros partidos não tenham cometido pecados tão graves. Mas justo o PT, no comando do País, não poderia ter essa prática! E a teve! E isso serviu, em grande proporção, para desmoralizar o processo político brasileiro e levar o descrédito aos eleitores.
Primeiro, chamo a atenção: falta um réu no mensalão!
Depois, (…) tenho aqui defendido que o nosso País começa agora, timidamente, a se preocupar em ter, de uma forma orgânica, um sistema de Defesa Civil.
O Brasil hoje tem praticamente 25% dos seus municípios vivendo um dos maiores dramas da seca das últimas décadas. Vinte e cinco por cento: são 1.300 municípios! Constata-se, faz-se matérias jornalísticas, num determinado momento as chuvas chegarão, mas o malefício todo fica: a seca traz queimadas, traz a queda violenta da umidade do ar. Têm municípios, (…) que está com menos de 20% de umidade relativa do ar, já estão em estado de alerta. A Grande São Paulo associa isso tudo, apesar da garoa de ontem à noite, a uma poluição descomunal. E fico aqui me perguntando: quando esses 1.300 municípios saírem dessa seca e do processo eleitoral, precisarão se reabilitar. Para isso, vão precisar de recursos e quando observarem os seus cofres, hão de verificar que o FPM, o Fundo de Participação dos Municípios, sofrerá uma queda imensa, por conta do benefício fiscal que o Governo Lula deu e agora o Governo Dilma, recaindo no mesmo erro, está dando às montadoras, para o dinheiro brasileiro sustentar os prejuízos dessas montadoras nos Estados Unidos e em outros países, eis que hoje são todas empresas multinacionais.
Vejam que contradição: 1.300 municípios vão precisar se reabilitar das secas e o FPM é derrubado. O Fundo de Participação do Município, (…), é abastecido pelo IPI – Imposto sobre o Produto Industrial – que está isento nos automóveis. As montadoras mandam neste país, isto é, o capital internacional.
Mais grave ainda, (…), olha que contradição: para salvar, segundo eles, as montadoras e aumentar o consumo, mais de quatro mil revendedoras no Brasil estão fechando. Não são as revendedoras de automóvel zero, mas as de automóveis usados, porque compraram automóvel no mercado a um preço, o IPI foi retirado, então o preço do automóvel usado tem que cair, mas como eles compraram com o IPI cheio, retirando o IPI não tem mercado comprador.
Veja como a política macroeconômica brasileira não faz o menor sentido! Por que as montadoras para os governos brasileiros são a salvação da lavoura, quando, na verdade, as grandes montadoras são o enterro das grandes cidades, as grandes provocadoras de congestionamento? Não pode haver política que dê certo, neste país, respaldada na indústria automobilística, mas os governos cedem em função da pressão do capital internacional. É uma loucura o que estamos fazendo aqui!
(…) de outro lado o combustível brasileiro está com preço fora do mercado e a Petrobras, por causa disso, está tendo prejuízos incalculáveis, a ponto de se tirar um presidente e nomear outro e nada ainda ter sido resolvido.
Até na política de venda de combustíveis, o Governo erra na mão. Jamais a Petrobras sofreu um processo de tanto desgaste internacional como está tendo hoje: as ações, para quem acompanha, sofreram uma queda fortíssima. Isso porque se quer resolver os problemas dos países com jogadas mercadológicas e não com incremento da produção, com investimento em infraestrutura, com acessibilidade, etc., etc., como se houvesse mágica econômica para resolver crises.
No mercado capitalista, (..), e é este o que vivemos, gostemos ou não, não tem solução. A solução vai ser sempre o aumento da produção.
Dinheiro aplicado no mercado volátil não gera riqueza, a não ser para os donos dos grandes capitais. Aí, estamos vivendo essa ciranda de pseudossoluções que, cada vez mais, agrava a qualidade de vida do nosso povo.
Temos mais um momento histórico, que é o momento da seca com queimadas, prenúncio de que essas secas e queimadas em regiões íngremes, no verão, irão propiciar grandes escorregamentos de terra exatamente porque as impermeabilizações não se darão. O solo fica muito mais impermeável, porque a vegetação vai deixar de reter água e aí nós teremos mais problemas nos verões. Naquele binômio água e fogo, a água não apaga o fogo, não. No sinistro eles se completam.”