Luiz Paulo comenta esquemas de corrupção

Luiz Paulo comenta esquemas de corrupção

Luiz Paulo comenta esquemas de corrupção 1

O deputado Luiz Paulo, em seu expediente inicial, hoje, na Alerj, comentou os esquemas de corrupção denunciadas pela mídia nos últimos dias. Lembrou que sempre foi mostrado o lado dos corruptos, porém agora aparecem as denúncias dos corruptores. “A sociedade passou a enxergar a ação dos corruptores”-frisou.

Luiz Paulo citou ainda os casos de Carlinhos Cachoeira, figura carimbada no Estado do Rio de Janeiro, com a CPI da LOTERJ e condenado em 1ª instância a 12 anos de prisão e o esquema denunciado pelo deputado de Caxias, Samuquinha, da empresa Boi Bom. Pediu a cópia dos autos e que todos os envolvidos sejam avaliados para que uns sejam investigados e outros consigam se livrar. “É um momento político oportuno para que todas as feridas sejam mostradas”, salientou.

 

Veja abaixo o discurso, na íntegra

 

“Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

O tema básico hoje que a mídia divulga é o processo de corrupção que se instala há muitos anos, e que cada vez se revela com mais rapidez, de corrupção em nosso País. Desta vez envolve corruptores e corruptos. Até então muitas matérias jornalísticas existiam apontando só os corruptos, mas sempre isentando os corruptores.

Desde as notícias veiculadas pela TV Globo em relação ao processo gravado de corrupção no hospital do Fundão, envolvendo Locanty, Rufollo, Boa Vista e outras, a sociedade passou a enxergar melhor a ação de corruptores e corruptos. No escândalo instalado hoje em Goiás e no Distrito Federal, aparece também a figura dos corruptores e dos corruptos.

Dentre os corruptores uma figura que o Parlamento Fluminense já conheceu através de uma CPI, a da Loterj, há alguns anos, aliás, já condenado aqui em 1ª instância há 12 anos. Pouca gente se lembra de que o Tribunal de Justiça, há não mais do que dois meses, condenou o Sr. Cachoeira e o Sr. Valdomiro há 12 anos. Respaldado por um trabalho do Ministério Público e pela CPI que esta Casa realizou.

Agora, começa a vir à tona, aqui no plenário, desde o dia de ontem, outro processo de corrupção, já denunciado em blogs, mas trazido aqui pelo Deputado de Caxias, Samuquinha, que é intitulado do Boi Bom. Envolve Cabo Frio e outros municípios. Foram citados Três Rios, Angra dos Reis… A denúncia envolve alguns fiscais de renda, hoje auditores fiscais da Secretaria de Fazenda; muitos políticos etc. Mas precisamos ter a cópia desses autos para que ninguém foque em alguns e alivie outros.

Quando, Deputado Marcus Vinícius, um escândalo vem à tona, tem que vir em todas as vertentes que o escândalo possui e não explicitar aqueles que são seus adversários e excluir os que são seus aliados. Por isso, em relação ao Boi Bom, que é o escândalo do nosso Estado hoje, de amanhã não sei qual será, é necessário que tenhamos conhecimento desses autos antes de nos aprofundarmos neles. Seguramente, se eu conseguir esses autos, eu farei isso.

Eu vejo esse momento político que nós atravessamos como um momento muito oportuno, para que todas essas feridas sejam mostradas. E todos aqueles que tiverem culpa sejam denunciados, dado a todos o direito de defesa e julgados. É importante, cada vez mais, que a sociedade cobre lisura de todos os entes que a compõe, principalmente dos políticos eleitos pelo voto popular, sejam do Executivo, sejam do Legislativo.

Estou citando exatamente essa questão da corrupção porque é uma questão que hoje macula muito a sociedade brasileira, principalmente a classe política. Quando esses escândalos vêm à tona, nivelam-se todos. Apareceu o político, está carimbado. Então, há necessidade dessas investigações e denunciar de fato os responsáveis.

Outro dia, estava eu, Deputado Marcus Vinícius, em Pedro do Rio e um cidadão virou-se para mim e perguntou: “Deputado, o senhor viu o escândalo do Demóstenes?” Disse: “Não só vi como ouvi e li; e acho que ele já foi para o ralo, o ralo da história política.” Aí o cidadão deu um sorriso e disse: “A política é assim: sempre sobram aqueles que seus segredos ainda não foram revelados.” Ora, isso quer dizer o quê? Que todos são iguais: existem aqueles que tiveram os seus segredos revelados e os que não tiveram os seus segredos revelados. No fundo, é um pouco o conceito que hoje paira dentro da nossa sociedade. Por isso, é necessário que tudo isso seja fortemente investigado.

É muito positivo que a Câmara de Federal e o Congresso Nacional façam uma CPI para investigar a todos, sem exceção, para quem for inocente ser absolvido, e aquele que for culpado tenha a perda do mandado decretada por quebra de decoro.

Então, é positiva a realização dessa CPI e que as Corregedorias das duas Casas, dos Conselhos de Ética possam funcionar.

Nossa Assembleia Legislativa, muita vezes, é duramente criticada, mas nos últimos oito anos, Deputado José Luiz Nanci, esta Casa cassou quatro parlamentares por quebra de decoro – quatro – e dois outros não chegaram a ser submetidos ao Parlamento, apesar de os relatórios da quebra de decoro terem sido feitos pela Corregedoria, porque um perdeu a eleição, não voltou, e o outro renunciou. Possivelmente esse número poderia ter subido até para seis parlamentares. Então, esse trabalho é duro, mas tem que acontecer.

Lemos no jornal que o Senado Federal não conseguia eleger um presidente do Conselho de Ética porque ninguém queria. Ora, se não quer ter uma função espinhosa, não se submeta ao crivo das urnas. Não é possível que entre 81 Senadores não haja nenhum que queira ir para o desgaste de proceder como manda o Regimento Interno da Casa. E, se houver provas, cassar aquele que quebrou o decoro. Nem cassar, porque não é o corregedor que cassa, nem o Conselho de Ética, ele apenas propõe. A decisão do Plenário da Casa é sempre soberana.

Felizmente, parece que ontem as coisas começaram a tomar rumo. O Congresso Nacional vai instalar a CPI e o Senado elegeu o presidente do Conselho de Ética. Vamos aguardar os desdobramentos. Que eles sejam profundos e absolutamente amplos; que não livrem nenhum parlamentar ou chefe de Executivo envolvido, seja de que partido político for.

Muito obrigado, Sr. Presidente.”