O deputado Luiz Paulo fez uma profunda reflexão sobre a sociedade do consumo hoje, no expediente final na Alerj. Como a Páscoa está se aproximando, uma infinidade de propagandas sobre a importância dos ovos de páscoa, em detrimento do verdadeiro sentido deste feriado, Luiz Paulo se mostrou indignado com o fim da quaresma estar em segundo plano, como se o transcendental fosse presentear com ovos de chocolate e não o simbolismo da cristandade. Ele definiu a sociedade como sendo uma sociedade mercantilista, cuja unica preocupação é com a venda/consumo.
Geralmente não misturando religião com política, Luiz Paulo achou importante trazer essa discussão à tona para falar da temática do Rio+20, que pretende buscar novos rumos para o Planeta, mas que nada conseguirá se continuarmos como uma sociedade do consumo.
Ele acredita que a época da Páscoa é perfeita para fazer essa reflexão.
Veja a integra do discurso abaixo
Sr. Presidente em exercício, Deputado Edson Albertassi, Sras. e Srs. Deputados presentes, nós estamos vivendo os últimos dias da Quaresma. Quinta-feira e sexta-feira são dias importante para a cristandade porque têm todo o simbolismo da morte de Jesus na cruz. No sábado de aleluia há um evento também importante para a cristandade.
Lembro o fim da Quaresma para que a Páscoa, que quer dizer passagem de um caminho obscuro para um caminho espiritualmente melhor, e seu simbolismo não sejam esquecidos. Jesus veio ao mundo dois mil anos atrás e morreu na cruz para que pudéssemos ter a redenção espiritual. É preciso lembrar isso, senão, vamos ficar presos, dentro de uma economia globalizada, às festividades em que se presenteiam as pessoas com chocolate e ovinho de Páscoa, que fazem parte dos costumes e da cultura, mas que não são o verdadeiro simbolismo da nossa Quaresma. Estou falando sobre isso, porque hoje li uma publicidade nos jornais que dizia o seguinte, Deputado Paulo Ramos: ‘mesmo antes da vinda de Jesus, isto é, há mais de 2000 anos, já havia a tradição cultural de presentear as pessoas, na Páscoa, com os ovinhos’. Ora, essa propaganda subliminar é uma agressão ao nosso processo cultural; como tivesse ali o marqueteiro das empresas de venda de chocolate a dizer que o importante, o transcendental, da nossa cultura é presentear o outro com ovo de Páscoa e não o simbolismo que tem para toda a cristandade, a morte de Jesus na Cruz e a sua posterior subida aos céus com a Ressurreição.
Tanto é importante que a matéria jornalística da revista Veja do último final de semana, discutia a questão da veracidade do Santo Sudário. Então, parece uma bobagem, mas não é, porque nós vivemos numa sociedade mercantilista; todo mundo tem a preocupação de vender e de consumir e as datas relevantes, como por exemplo, a data magna da cristandade, o importante passa a ser a distribuição de ovos de Páscoa e não a reflexão que todos devemos fazer sobre a morte e a ressurreição do Senhor.
Não costumo misturar temas religiosos com temas políticos, mas me chamou muito a atenção essa propaganda jornalística do dia de hoje e como essa é a última Sessão antes da quinta e sexta-feira Santa, eu queira chamar a atenção de todos. Nós vamos abrigar aqui a Rio+20 para buscar novos rumos para o planeta e, Sr. Presidente, não haverá novos rumos para o planeta se essa sociedade se mantiver como uma sociedade única e exclusivamente de consumo. Este consumismo não apresenta futuro para o planeta. Dizem já os cientistas, que mantido esse nível de consumo, haverá necessidade de cinco planetas Terra para abastecer todos aqueles que aqui viverão. Volto a dizer, mantido esse padrão de consumo.
Para mudar esse padrão de consumo, tem que mudar o nosso processo cultural e não pode, na maior data da cristandade, as empresas de marketing e os próprios jornais estarem exibindo propaganda consumista de que o grande evento desse final de semana é comprar, para presentear a outrem, ovos de Páscoa. Esses são os sintomas da decadência da sociedade de consumo que nós vivemos; esses são sintomas de que o principal na nossa sociedade virou secundário e o secundário se tornou principal.
O Deputado Wagner Montes carrega ali um pacote que seguramente recebeu como presente de Páscoa, mas tenho certeza de que para S. Exa. a relevância nesse final de semana não é o ovo de Páscoa, é o final da Quaresma, são a quinta-feira e a sexta-feira santas, quando, realmente, a reflexão é sobre a morte e a ressurreição do Senhor. Falo isso com muita certeza, Deputado Paulo Ramos – V. Exa. é um trabalhista histórico –, de que não teremos saída se mantivermos o caminho de alimentar a sociedade de consumo. É consumir, consumir e consumir, como se a felicidade estivesse respaldada no volume de bens que as pessoas têm.
Acho um absurdo quando leio nas revistas os rankings dos mais ricos do mundo. Fulano tem um bilhão de dólares, o caixão não vai ser suficiente para botar todo esse dinheiro dentro. A sua quinta geração seguramente não gastará todo esse dinheiro, então, de que adianta ter um bilhão ou duzentos milhões de dólares? A sociedade avalia a qualidade das pessoas em função do poder econômico que possuem, muitas vezes também em função do seu efêmero sucesso, e não da generosidade dos seus atos.
Esta é a reflexão que eu queria trazer para esse final de semana mais prolongado, eis que sexta-feira é feriado nacional. Esta é a reflexão básica que todos nós devemos fazer.
Muito obrigado.