O deputado Luiz Paulo utilizou o seu discurso inicial no Plenário para comentar e repudiar o atentado ao presidente do Diretório do PSDB do Municipio de Mesquita, afirmando que a política não deve ser feita dessa forma. Veja abaixo a íntegra do discurso.
” Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente temos que saudar a população carioca por mais um ano da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro, que, apesar dos pesares, continua bela e admirada por todos. Mas hoje estou muito indignado, porque há pouco ouvi aqui uma alusão que fizeram ao Mahatma Gandhi, quando lhe perguntaram quais fatores destroem os seres humanos. Ao que ele respondeu: “A política, sem princípios; o prazer, sem compromisso; a riqueza, sem trabalho; a sabedoria, sem caráter; os negócios, sem moral; a ciência, sem humanidade; e a oração, sem caridade”. E por que me reporto a Mahatma Gandhi? Porque ele abre com a política sem princípios!
Hoje, por volta das 12 horas, recebi um telefonema dizendo que o presidente do meu diretório municipal de Mesquita, conhecido como Fernandinho – um jovem apaixonado pela política – estava no centro daquela cidade, no volante do seu carro, quando chegou um cidadão de moto e lhe deu um tiro. Ele perdeu a direção e bateu com o carro. A bala atravessou seu pescoço e ele foi para o Hospital da Posse. Acabou de ser removido de ambulância da Posse para Saracuruna, para fazer uma série de exames radiológicos e ver se resta lá algum rastilho, se a medula foi atingida, enfim, para ver quais desdobramentos podem ser feitos na área médica. Evidentemente, já telefonei para a Delegada Marta Rocha, e fui atendido prontamente pelo Delegado Caldas, a quem solicitei o máximo rigor nas investigações.
Estou citando essa questão da política sem princípios porque, infelizmente, esse não é o primeiro caso, nem será o último: o de se fazer política à bala, de se fazer política com a violência, com o desrespeito, com a falta de princípios, com tudo isso que Mahatma Gandhi tão bem expressou como pontos possíveis de destruir os seres humanos.
Esse jovem idealista, casado, bem formado, técnico de nível médio, sofre um atentado dessa ordem. Nesta Casa, quantos registros já tivemos, de políticos que foram baleados e assassinados?
Ficamos indignados. Enquanto procuramos uma apuração rigorosa sob o ponto de vista das investigações, verificamos quanto ainda estamos atrasados no campo político, partidário e eleitoral! Estamos, talvez, ainda na década de 50, na época do coronelismo, não no ano de 2012, porque a democracia pressupõe divergência de ideias, de princípios, de ideologias, pressupõe o debate amplo, pressupõe a vitória dos eleitoralmente mais competentes, dentro da ética, da moralidade, da honestidade. Pressupõe sejam vitoriosos os mais competentes.
Nós não podemos entender que a política continue eivada de bandidos, de assassinos, de criminosos. E, em geral, as pessoas que praticam esses crimes – de ato próprio ou cumprindo ordem de alguém – são pessoas infiltradas no processo político, sempre defendendo interesses econômicos escusos, organizações paramilitares que só têm como atividade central o ganho pecuniário. Infelizmente, essa ainda é a situação no Estado do Rio de Janeiro, um dos três principais Estados da República Federativa Brasileira, sob a ótica do produto interno bruto, do desenvolvimento social, do desenvolvimento cultural.
Deputada Janira Rocha, em anos como este é quando mais violências acontecem, porque é o ano de eleições municipais, ano de briga pelo poder local, quer à frente das prefeituras, quer nas casas legislativas.
Eu acho que muitas vezes se criam forças-tarefa para focar determinadas ações criminosas. Devia-se também ter uma força-tarefa para banir bandidos da política. Até hoje, não sei se os assassinos do vereador de Cabo Frio, assassinado dentro de um bar há exatamente um ano e meio, já estão presos. Não sei se o assassinato que ocorreu em Rio das Pedras já teve solução. Por isso, é necessário que tenhamos cada vez mais cuidado com a formação dos nossos partidos políticos. Esses bandidos, travestidos de pessoas de bem, não podem se infiltrar nos nossos partidos. Se eles forem barrados na entrada, seguramente a política vai melhorar.
Tenho confiança que a Secretaria de Segurança há de descobrir o autor desse crime, seja ele autor físico e não mandante. E, se tiver um mandante, quem foi o mandante também. Vamos aguardar um tempo, esperar o resultado das investigações e cobrar duramente uma solução.
Há três anos, Deputada Janira, eu recebi, aqui na porta da Assembleia, um vereador de Mangaratiba, do meu partido. Naquele mesmo dia, ao voltar para Mangaratiba, sentado na porta de um bar, foi brutalmente assassinado a tiros. É inconcebível acontecimento desse tipo, chega até a nos desestimular.
Enfim, passado o baque, vamos continuar na luta, porque não tem outra solução: ou as pessoas de bem vêm para a política para melhorá-la; ou, de fato, a política fica entregue aos bandidos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.”