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Sra. presidente, deputada Martha Rocha, sras. e srs. deputados que nos assistem de forma presencial ou de forma remota; senhoras e senhores telespectadores; senhora intérprete da linguagem de Libra, que leva a nossa voz aos deficientes auditivos, duas questões me trazem hoje aqui em plenário.
A tragédia de Petrópolis
A primeira, ao qual retorno pela sua importância, é o evento extremo que aconteceu no município de Petrópolis com quase duas centenas de vítimas fatais, com prejuízos econômicos e financeiros brutais, com desalojados, desabrigados, órfãos, toda sorte de problemas.
Verifico ser este o momento de todos se unirem a favor da população petropolitana, principalmente daqueles que foram atingidos pela catástrofe. E quando digo “todos”, quero dizer a União, o estado, o município de Petrópolis e todos aqueles municípios que puderem colaborar. Mas, também, neste momento, não há motivo para haver disputas eleitorais, porque eleição vai ser lá no mês de outubro, e a prioridade de atendimento às vítimas e à cidade é agora. Então, primeiro, esta mensagem.
Atender às pessoas desassistidas é uma obrigação humanitária
Em segundo lugar, destaco que atender às pessoas desassistidas é uma obrigação humanitária, portanto, de todos. E esta Casa, pela agilidade do presidente André Ceciliano, foi a primeira instituição a ajudar aqueles que estão vitimados pelo sinistro, quando aprovou que R$ 30 milhões do Fundo da Alerj seriam transferidos, e o foram, para a prefeitura de Petrópolis. Além do mais, outras legislações, que não vou aqui detalhar no dia de hoje, já foram aprovadas.
Precisa-se pensar na recuperação econômica, financeira e de infraestrutura de Petrópolis
Mas precisamos pensar na recuperação econômica e financeira de Petrópolis. Precisamos pensar na reconstrução de habitações populares para as pessoas. Nós precisamos pensar em reflorestamento, em obras de drenagem nas encostas, em contenção de encostas, em retirada de pessoas das áreas de risco; na construção de habitações populares; na reconstrução da cidade. E, aí, fundamental é a galeria de 3.200 metros do Rio Palatinado que, pelas imagens que estão passando, está ruindo em diversos pontos, comidas as armaduras pelas corrosões em alto estado de evolução. E essa galeria é exatamente que funciona como extravasora ao Rio Palatinado. Tem que se dar uma solução para uma chegada em ferradura, em “U”, do extravasor do Palatinado com o Rio Quitandinha. E, também, o encaminhamento dessas águas até o Rio Piabanha. Isto pode representar investimentos possivelmente superiores a R$ 200 milhões. Então, necessariamente, essa é intervenção que tem que ser inserida no Pacto RJ. Tive que fazer esses comentários já olhando um pouco para a frente e para o futuro.
A questão partidária do deputado envolvendo o Cidadania
Mas alguns parlamentares me perguntaram no dia de hoje qual foi a decisão do meu partido, o Cidadania, em reunião do diretório nacional no último sábado pela manhã, em relação à federação. Eram 110 delegados. Dos 110, 56, maioria absoluta, como determina a Lei das Federações, votou pela federação com o PSDB. 56. E, salvo erro de memória, 49 votaram pela federação com o PDT – 56 a 49. Então, venceu a federação com o PSDB.
Evidente que esta decisão, e não vou nem discutir a decisão, porque o Rio de Janeiro era contra federar e, no caso de federar, não poderia ser com o PSDB. E a minha posição particular, antes que se tivesse que federar, federasse com o PDT, jamais com o PSDB, porque isso tem implicações fortíssimas aqui no Rio de Janeiro.
O deputado ganhou o direito, no TSE, de se desfiliar sem perda de mandato
Quero deixar claro que eu, particularmente, falo em meu nome, que sou um daqueles que defende a vida partidária, que não existe político sem partido, que sempre trabalhou na militância partidária, na organização partidária. Mas, quando dei entrada no TSE para sair do PSDB e ganhei por maioria total, seis votos a zero, demonstrei que continuava um social-democrata. E o partido tinha mudado. Tanto é que lá em São Paulo tinha havido uma aliança de Dória com Bolsonaro e ambos se elegeram. Isso foi amplamente demonstrado. Então, só esse fato já não me deixa aceitar essa federação.
O impeachment de Witzel e a participação do PSDB no governo o atual governador Cláudio Castro
Mas tem algo mais forte ainda: estamos no início do nosso quarto mandato. Em 2019, quando começou o governo Wilson Witzel, subi no púlpito lá do Palácio Tiradentes e li um documento mostrando que seríamos – e naquela época eu ainda era PSDB – oposição ao governo Wilson Witzel. Um ano depois, em 2020, eu e a deputada Lucinha entramos com o pedido de impeachment do governador Wilson Witzel, cujo vice-governador era o Sr. Cláudio Castro. Esse impeachment logrou êxito, o governador Wilson Witzel é o primeiro governador cassado do Brasil. E assumiu o cargo o Sr. Cláudio Castro.
E continuamos na nossa posição de oposição. E o PSDB do Rio de Janeiro está participando do governo Cláudio Castro e, pelo que li nos jornais, teria até havido um acordo entre o governador e o governador de São Paulo de apoiá-lo.
Não há hipótese, para mim, ser oposição a um governo e dele participar
Não há hipótese nessa altura da minha vida, ser oposição a um governo e, por uma estratégia de futuro, ou de presente, não importa, me aliar a ele. Quero aqui marcar claramente que não é questão de antipatias ou simpatias, é questão de posição política e de caminhos que queremos para o estado. Quis dar estas explicações públicas, porque tenho falado com um e outro que me perguntam pessoalmente.
A condução do Cidadania impecável do Cidadania
Quero dizer que fui muito bem recebido no Cidadania, um partido aqui no Rio de Janeiro conduzido impecavelmente pelo sempre deputado Comte Bittencourt que discute, se reúne, enfim, tem todos os predicados. Estruturou uma nominata de federal e estadual e somos surpreendidos com essa decisão que lastimo, mas, volto a dizer, é impossível, no nosso estado do Rio de Janeiro, estarmos federados com um partido – o PSDB – que apoia o governador Cláudio Castro.