Deputado Luiz Paulo, com base na discussão e aprovação do PL nº 4196/21, da deputada Lucinha, que dispõe sobre o programa de capacitação “Horta Acolhedora Urbana”, com o objetivo de instruir pessoas em situação de rua nas práticas de agricultura urbana agroecológica e fomentar a segurança alimentar da população em estado de vulnerabilidade social, analisa a questão da necessidade da boa alimentação. E, a seguir, lembra do PL nº 3925/21, de autoria da deputada Mônica Francisco, que inclui no calendário oficial do Rio de Janeiro o dia estadual de luta pelo fim do feminicídio. Projetos diversos, drama social em destaque. A seguir, sua fala:
“Fico feliz, na tarde de hoje, da nossa pauta ter contemplado projetos importantes das deputadas da Alerj, sempre com temas aparentemente diversos, mas que se encontram na questão específica do drama social que vivemos.
As hortas comunitárias e a cultura de subsistência
Muitos aqui não hão de lembrar que, na época em que ainda éramos Estado da Guanabara, era muito comum, debaixo das torres da Light, ter hortas comunitárias, por ser forma de preservar, para que ninguém ocupasse essas faixas e, ao mesmo tempo, gerasse renda, produtos e hortaliças para a população.
Aos poucos, essa cultura foi terminando. A terra que a deputada Lucinha frequenta com muita assiduidade, que é a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente a área de Santa Cruz, era região eminentemente agrícola. A zona oeste, antes da década de 70, chamava-se zona rural. A região de Jacarepaguá também tinha áreas de plantio de hortaliças.
Este tema perpassa a cultura da cidade e do estado. Hoje, vemos as Ceasas como os centros de abastecimento e sempre imaginamos que todo produto está vindo da nossa região serrana, principalmente. Abrimos exceção para o tomate de Paty do Alferes.
Mas, na verdade, já houve época em que a urbe metropolitana foi importante nesse segmento e continua sendo para agricultura de subsistência, que é o que também necessitamos. Aquilo que acontece na região metropolitana é que o solo só é visto pelo seu potencial edilício, não pelo que pode ofertar de retorno alimentar para a sua própria população.
Importância do guia alimentar produzido pela União com foco nas culturas locais
Outro dia, a deputada Lucinha conversava comigo sobre o guia alimentar que a União produziu e que, a partir das culturas locais do nosso próprio país e que são da melhor qualidade, vive sendo bombardeado. E isso por quê? Devido ao princípio básico alimentar saudável, evidentemente sem os famosos processados.
O mal dos multiprocessados
Hoje, as grandes indústrias mundiais só querem empurrar na população os multiprocessados, que não fazem nenhum bem à saúde; ao contrário, fazem mal, responsáveis hoje, inclusive, pela obesidade infantil, responsáveis pela crescente onda de diabetes.
Com o passar dos tempos, trocamos a comida mais natural pelos processados
Ao entrar no supermercado, vemos dezenas de tipos de biscoitos diferentes a preços camaradas, mas a custos futuros imensos. A nossa alimentação básica, que seria feijão, arroz, pedaço de proteína – carne, frango, porco, peixe e quanto menos carne de vaca melhor, pelas questões da repercussão ambiental que tem. Se seguíssemos essa rotina, teríamos população muito mais sadia. Se olharmos fotografia da Central do Brasil, da década de 50, e compararmos com a Central do Brasil nos tempos atuais, veremos a diferença. A população tinha melhores hábitos alimentares, mesmo a mais pobre, e tendia a corpos mais saudáveis. Hoje, vê-se quadro muito diferente, que soma a evidente pobreza com as consequências da má alimentação, cada vez mais processada. Comíamos, todos nós, feijão, arroz e um pedaço de carne.
A alimentação é grave problema social
Refiro-me a isso para ver como é fundamental essa questão da alimentação. É um grave problema social que vivemos. Iria aqui, no expediente final, falar sobre outro tema, mas o projeto me inspirou que voltasse novamente a essa questão. Se queremos ter política de prevenção à doença, isto é, política de saúde pública, temos que mudar a alimentação. O caminho em que estamos dará errado. É para dar errado e está dando errado.
A violência contra a mulher é processo cultural distorcido
E disse que, no fundo, essa questão tocava com o que colocou aqui a deputada Mônica Francisco, do Dia de Luta contra o Feminicídio, porque também a violência contra a mulher é um processo cultural absolutamente distorcido, precário, ruim, danoso, de não reconhecermos, no mínimo, que todos temos a mesma origem humana.
No século 21, ter-se preconceito de sexo, de raça, de religião e chegar-se ao limite de matar seu semelhante, é absolutamente inaceitável e incompreensível.
Somos uma população doente
E, quando também trago aqui a questão da necessidade de atendimento psicossocioemocional nas escolas, mas deveria ser no Brasil inteiro, porque somos uma população em que grande parte está doente, tomada pela ansiedade, tomada pela depressão, pelo medo e outros tipos de transtornos e cada vez se agravando mais, porque a perspectiva e a segurança do futuro inexistem.”