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Estamos, nesse exato momento, em fase um pouco mais amena da pandemia da Covid-19. Mas me pergunto: o problema está debelado? Não. A pandemia persiste. Vamos chegar nos próximos 15, 20 dias a 600 mil mortos. É número assustador e avassalador. Se abrandamento ocorreu, é porque houve de fato luta interna neste país muito grande entre aqueles que defendiam o SUS, a vacinação como forma eficaz de minorar a pandemia, que defendiam distanciamento, limpeza das mãos, uso de máscaras e aqueles que defendiam Prevent, cloroquina, aglomeração, não utilização de máscaras, enfim, que negavam a ciência, o poder das vacinas, que negavam o SUS e se prendiam em ideologias abstratas sem qualquer respaldo científico. E o tempo mostrou que, como não podia deixar de ser, a razão estava do lado da ciência, da prevenção e da vacinação.
A dicotomia leva a barbaridades
Hoje, quando ligamos a nossa TV e assistimos a uma parte da CPI da Covid no Congresso Nacional, ficamos horrorizados em constatar como essa dicotomia, essa disputa sem sentido, levou a tal da Prevent a fazer barbaridades em São Paulo.
Em torno do meio do ano de 2020, fiz crítica severa a essa empresa hospitalar em São Paulo, visto que o número de idosos mortos naquele hospital estava assustador. Lembro bem que fui rebatido aqui e até mesmo sofri ameaças pela internet de pseudobolsonaristas, pelas duras críticas que aqui fiz àquele negacionismo que tomava conta daquele momento político, do qual ainda existem muitos herdeiros, que não se rendem à realidade que vivemos.
A única possibilidade de enfrentarmos a pandemia é com prevenção. E prevenção é tudo isso aqui que já coloquei: distanciamento, uso de máscara, higiene nas mãos e, também, vacinar, vacinar e vacinar.
Cloroquina salvava bolso de alguns não a vida
Trago este tema à tona, porque, há um ano, possivelmente, se fizesse esse discurso, teríamos aqui alguns parlamentares em plenário a vociferar que a cloroquina salvava. Na verdade, salvava sim, mas o bolso de muitos e a vida de ninguém. E, hoje, a CPI da Covid traz à tona essas questões.
A corrupção na área da saúde no Rio de Janeiro
A pandemia serviu, de fato, para demonstrar o caráter deletério de muitos gestores públicos, a se iniciar pelo estado do Rio de Janeiro, que foi alvo de grande escândalo de corrupção na área da saúde e famosa caixinha da propina, que levou à cassação do governador que então exercia o mandato.
E em Brasília
Mas isso não aconteceu só no Rio de Janeiro. Aconteceu em outras unidades federativas e, também, lá em Brasília. E é o que está demonstrando a CPI da Covid. E, em Brasília, nada mais, nada menos, do que no ministério da saúde, que deveria zelar pela saúde comum da população brasileira. É episódio triste, mas temos que colocar o dedo nessa ferida. Porque dizíamos, àquela época, que corrupção é crime e corrupção, e, na área da saúde, é crime hediondo. Não é nada comum se constatar esses procedimentos nefastos, criminosos, e achar que isso é pequeno desvio de alguns na nossa sociedade.
Isso tinha que ser punido exemplarmente. É inadmissível que possamos, ainda no século 21, depois de tantas prisões que aconteceram durante a Operação Lava Jato, continuarmos a ver prosperar a corrupção e a impunidade, principalmente na área da saúde, em período de pandemia.
Corrupção não pode fazer parte das relações de poder
Quero chamar atenção, porque, muitas vezes, alguns tendem a achar que a corrupção possa ser uma banalidade, que a corrupção faz parte da história das relações de poder. Não podemos nos conformar com essa questão. Há célebre frase definida pelo imperador romano, que particularmente acho muito triste, que diz o seguinte: “Ou acabamos com a corrupção ou nos locupletemos todos”. É triste, porque a frase só pode ser única. Precisamos estar juntos para acabar com a corrupção. Esta é mazela que dízima o nosso país. Hoje, continuamos a ver a corrupção e a incompetência tomando conta deste país.
Quem ganhar as eleições em 2022 encontrará o país destruído
Haverá eleições presidenciais, em 2022. Quem ganhar essas eleições vai encontrar país mazelado, destruído, sem esperança, em função da gestão calamitosa que estamos vendo acontecer no Brasil.
A inflação acumulada deste ano passará de dois dígitos, isto é, de dez pontos percentuais. Um dos itens que puxam a inflação é o transporte e a gasolina, que está na ordem de R$ 7,00 o litro. Ontem, o presidente da Petrobras convocou coletiva para reafirmar que não mexerá no preço do combustível, para reafirmar seus compromissos com os acionistas e com o lucro da empresa, e não com a situação depauperada em que vive o país.
Aliás, nos últimos tempos, as direções da Petrobras, com as exceções de praxe, ou estiveram ligadas à corrupção extremamente danosa ao país e ao estado do Rio de Janeiro, vide o Comperj, ou estiveram ligados única e exclusivamente aos interesses da empresa, mesmo que com isso prejudiquem o Brasil e o Rio de Janeiro, porque temos praticamente 80% das reservas de óleo e gás do país.
É preciso rejeitar as ações deletérias
É hora do povo brasileiro, deste parlamento, daqueles que acham que a saída necessária e obrigatoriamente passa pela política colocarem a boca no mundo e rejeitarem fortemente as ações deletérias que estão sendo praticadas no Brasil e no Rio de Janeiro.