Saúdo minhas amigas intérpretes de Libras, que nos ajudam na nossa comunicação, boa tarde!
Não é possível que, na Região Metropolitana, entre a cidade e a Baixada Fluminense, diariamente, o sistema de transporte ferroviário ficar prejudicado por roubo de cabos. É absurdo que se prejudique milhares de pessoas em função da atuação de alguma quadrilha. Não acredito que seja movimento pessoal, até porque tem que existir a ponta que compra o cobre, que são, simplesmente, os famosos ferros-velhos.
Onde está a investigação?
Para resolver isso existe investigação, para isso há duas secretarias, da Polícia Civil e da Polícia Militar. É necessário que a investigação tenha prioridade total, para descobrir quem são as pessoas que estão fazendo o roubo de cabos, principalmente na ferrovia e no metrô, porque a cada composição, a cada ramal que deixa de funcionar, milhares de pessoas são prejudicadas. As próprias companhias também o são, porque deixam de ter a respectiva bilheteria.
Os tempos em que se vive são bicudos, todos perdem receita e, em função de roubo, um produto é vendido no mercado a preços vis – quem compra produto de roubo paga muito pouco pelo risco que tem. Isso, para mim, é falta de polícia, é falta de investigação.
Não acredito que isso seja movimento voluntário. Para mim, é ação organizada, que se desmonta com investigação. Para, depois de se investigar, prender os responsáveis.
Séria crise institucional
Aliás, recentemente, em São Paulo, em pleno sistema viário houve ação organizada de roubo com explosivo, com os escudos humanos. Jamais tínhamos visto isso. Esta é, também, ponta de crise sem precedentes que estamos vivendo, nada está dissociado. Vivemos crise institucional alimentada todos os dias, principalmente, mas não só, pelo presidente da república, que, hoje mesmo, já deu novas declarações bélicas.
Tem-se, portanto, a crise institucional. Por consequência, tem-se a crise política. A CPI da Covid, na tela da TV, nos mostra que a corrupção também estava solta lá em Brasília.
Crise hídrica e crise de energia – preço sobe e atinge todos
Mas há mais. Vivemos uma das maiores crises hídricas que já tivemos nos últimos 90 anos, com o nível das barragens na ordem de 15 a 17%. O que é muito pouco, não dá nem para fazer com que essa água possa gerar daqui a pouco alguma energia. Com essa crise hídrica, deriva grande crise energética, que está sendo suprida de que forma? Se não gera energia do sistema hidrelétrico, você vai gerar energia das termelétricas e vai comprar energia externa, da Argentina, Bolívia, Uruguai, enfim, daqueles que disponibilizarem a vender. Ao usar termelétrica e importar energia, o preço da energia sobe. E, só dessa vez, vai subir mais de 50% a cota por 100kw. Se sobe o preço da energia, as duas áreas que mais consomem são a área industrial e a área residencial. Quando você afeta o bolso do cidadão da área residencial, você diminui o poder de compra. Quando você afeta a indústria, você aumenta o preço, para o consumidor, do produto final. Tudo isso alimenta a inflação. Estamos, portanto, no pior dos mundos. Todos com espírito bélico, achando que as coisas se resolverão pelo belicismo e não nas mesas de negociações, como é comum nos regimes democráticos.
“Laços fora, independência ou morte”
Outro dia vi matéria fortíssima, lá no Oriente Médio, sobre os Talibãs. Fico me questionando se os Talibãs não estão aqui mesmo em nosso país, porque o que vejo é o mesmo espírito bélico. Ontem, eu falava aqui que sou de um tempo que comemorar 7 de setembro nos dava muito orgulho, Dia da Pátria, Dia da Independência da República. “Laços fora, independência ou morte”, às margens do rio Ipiranga.
Hoje, 7 de setembro tornou-se uma apreensão geral para saber se, em São Paulo, em Brasília ou em outra Capital, não vai ter choro e ranger de dentes. Essa expressão é usada no Apocalipse.
Resistir e protestar
Será que, realmente, 7 de setembro será um Apocalipse? Não deveria ser. Quem insiste em fazer essas manifestações é o próprio presidente da república. Inverteu-se tudo e precisamos de soluções. De minha parte, cabe denunciar e resistir. Resistir e protestar.
A consolidação do Estado democrático de direito
Formei-me em Engenharia passando pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Passei pela universidade nos idos de 68. E o que mais queríamos em 68 era restabelecer o Estado democrático de direito, que foi conseguido muito mais lá na frente, nas famosas passeatas pelas Diretas Já, pela anistia ampla, geral e irrestrita, pelo voto direto. Essas conquistas acabaram acontecendo muito tempo depois e se consubstanciaram na Carta Magna de 88. E queremos exatamente manter os princípios que regem a Constituição brasileira, que se refletem aqui, na Constituição do Estado do Rio de Janeiro, que é o Estado democrático de direito. Queremos que os poderes sejam totalmente independentes, mas harmônicos entre si, como reafirma a Carta de 88.
Não queremos supremacia de nenhum poder sobre o outro, porque não é essa a decisão, não é isso que leciona a Constituição Federal. Tenho insistido neste tema, porque hoje é 1° de setembro. O mês de setembro era mês de comemorações: pelo 7 de setembro, pelo 27 de setembro, datas importantes. Aqueles mais românticos, até como eu, gostavam de comemorar até 23 de setembro, equinócio da primavera, estação do ano importantíssima, que prenuncia e encaminha a chegada do verão e a estação das chuvas. O que eu falei aqui, da grande crise hídrica.
Precisamos pensar na nação
Então, com essa perspectiva, vamos trabalhar ao longo desta semana para que se amenizem os ânimos para o 7 de setembro. é necessário se entender que, de fato, pensando na nossa nação, deveríamos estar somente nos concentrando nos temas que interessam à população brasileira, que já citei: bem-estar social, distribuição de renda, em retirar pessoas da miséria e da fome. Projetos de poder sem isso não são nada. Mas, infelizmente, até as eleições presidenciais, que seriam em 2022, foram antecipadas para os tempos presentes, muito antes da hora.