No momento tão tenso que precede o 7 de setembro, quando a apreensão está no ar, recebi hoje a carta aberta da Geração de 68, da qual faço parte. Infelizmente ou felizmente, a grande maioria não fez parte, porque nasceu depois de 68, mas o vivi intensamente, como membro ativo do movimento estudantil. Estava na Faculdade de Engenharia.
Esta carta aberta da Geração de 68 foi lida ontem na ABI. Como sou membro da Geração de 68, irei lê-la para que todos a conheçam:
“Carta aberta da Geração de 68
Às brasileiras e aos brasileiros, aos movimentos sociais, partidos, sindicatos, centrais sindicais, organizações não governamentais, organizações da sociedade civil, redes sociais e a todas e todos que estejam dispostos a lutar pelo direito à vida e à democracia.
Somos parte da Geração 68, uma das gerações que, ao longo do tempo, participaram de inúmeras passeatas e lutaram contra a Ditadura Militar e por um Brasil mais justo e igualitário. Nesse momento, no ano de 2021, estamos agregando forças para lutar pelo direito à vida, contra o genocídio em curso, pela interdição do governo do Presidente, que intencionalmente tem induzido à morte milhares de brasileiros, pelo direito do povo de viver e de ter esperança.
Nosso país já tinha mais de 400 mil mortos em fins de abril. Agora chegamos a meio milhão de óbitos, parte substancial desses evitável, como demonstram inúmeras pesquisas e trabalhos científicos. Conjugadas à pandemia, pela inépcia governamental, abateram-se sobre os segmentos mais fragilizados a miséria e a fome. Quantos ainda terão de morrer pelo negacionismo do Governo Federal?
Assinar esta carta não representa apenas um desejo de viver, mas de lutar para proteger as pessoas que amamos, a economia local e nacional, um futuro melhor sem o risco mortal de uma doença que assola todo o planeta.
Todos sabemos que, no epicentro da pandemia, o maior aliado da propagação do vírus é o atual Presidente e seu Governo, sendo o único dirigente do mundo a sabotar a política de vacinação, deixando de adquirir vacinas quando elas estavam disponíveis. Tornou o Brasil em berçário de variantes do coronavírus e uma ameaça não apenas para a nossa população como para o mundo inteiro.
Assinar esta carta representa igualmente lutar pela democracia que tem sido cotidianamente ameaçada pelo atual governo desde que tomou posse. Significa, ainda, lutar contra a violência que está presente no país, aniquilando jovens pobres, pretos e os povos originários. Deste modo, participamos e convidamos todos os movimentos organizados e a população em geral a se unirem nesta luta, pela vida e pela democracia, que é de todo o povo.
Realizamos uma manifestação pública – com toda a segurança sanitária necessária frente à pandemia – em diversas cidades do país no dia 26 de junho. Nesta data foram comemorados os 53 anos da gigantesca passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro. Se, então, gritávamos ‘Abaixo a Ditadura!’, hoje gritamos em alto e bom som que ‘Ditadura Nunca Mais!’
Estamos dispostos a participar de qualquer outra manifestação, em qualquer outra data, que tenha os mesmos objetivos que expusemos acima. Esperamos encontrá-lo nas manifestações ou através das redes sociais, unindo forças pelo direito à vida e pela democracia.”
Preservação do nosso estado democrático de direito
Assim posto, lida a Carta da Geração de 68, solidarizo-me com todos os movimentos que travam essa luta pelo direito à vida e pela preservação do nosso estado democrático de direito.